NOSSA SENHORA APARECIDA E MEU PAI.

Saio hoje para minha movimentação (exercícios) diária que exige meu metabolismo desde que nasci em variados graus no curso da existência.

Encontro um querido amigo que além desse vínculo, amizade, é colega de formação acadêmica da UFF.

Me intima para escrever a história que lhe contei, e ainda afirma com a exclamação que lhe é peculiar em sua alegre e rica personalidade: “vai guardar isso para você?”

E coloco nessa pequena crônica o que faz tempo lhe passei.

Meu pai ajudou bastante em doações na construção da Igreja Porciúncula de Santana em Niterói, em Icaraí, em frente ao Campo de São Bento. Quando ouço os sinos lembro de suas permanentes doações para a compra. O Campo de São Bento é pródiga área verde exclusiva do Município e abrigo da criançada e da família da região bem como espaço que recebe nos fins de semana migrações de municípios próximos, com feiras e eventos.

Local que prefeito que se pensava o "dono da cidade" quis desfigurar derrubando árvores mais que centenárias, mata atlântica protegida pela constituição, área tornada intocável por lei municipal pretendida violar, com árvores centenárias tombadas, para criar garagem subterrânea, e que barrei com ação popular no judiciário. Fui criado e nasci quase dentro do Campo de São Bento, ninguém iria mutilar essa área de sonho com minha aquiescência ou inércia permissiva. Acionei a popular como permitem os direitos do cidadão em dia com seus deveres eleitorais, este o requisito. Dois quarteirões é a distância em que inalei o primeiro oxigênio, quando se nascia ainda em casa.

Meu pai me levava à missa todo domingo na pequena capela da Porciúncula de Santana, na rua ao lado. Quando da construção da Igreja, projeto grandioso, ao seu final, meu pai, muito conhecido dos frades, perguntou ao Irmão principal da ordem se não iam colocar imagem de Nossa Senhora Aparecida na Igreja, que ficou muito bonita, em um dos vários nichos laterais envidraçados. O Irmão disse que não e meu pai disse não ser possível, ela era a Padroeira do Brasil, e que ele mesmo compraria a imagem para ser colocada em um dos nichos. Não perguntou sobre a admissibilidade nem pediu consentimento. O Irmão nada falou, ficou quieto. Além de ser doador da igreja construída, meu pai era homem público de poder e respeitadíssimo. Isso em razão de sua conduta e vida lisa e exemplar nos vários e máximos cargos públicos que ocupou com nomeada e nota.

Encomendou a imagem linda em São Paulo que foi levada pelas mãos de minha irmã já falecida, Maria Auxiliadora, com meu pai.

Evidente que Ela está lá, maravilhosa e maravilhando a todos que vão aos seus pés.

Certo dia estava eu na Igreja, pela manhã, onde vou semanalmente, lá estando este amigo, Geraldo Bezerra de Menezes, filho do grande católico brasileiro e praticamente fundador do Direito Trabalhista Brasileiro, Ministro Geraldo Montedonio Bezerra de Menezes, com várias obras editadas e reverenciadas, que foi meu professor do direito do trabalho na faculdade para proveito meu.

E disse ao Geraldo quando um dia na Igreja o encontrei, que estava certa feita chegando na Igreja e vi o vidro do nicho aberto, de Nossa Senhora Aparecida, era feita uma limpeza, aliás do que carecia, e com várias pessoas embaixo munidas de computadores e perguntei o que faziam.

Me disseram que faziam tombamento das imagens, quando seriam inseridos nomes de doadores eventuais, etc. Estava no lugar certo na hora certa. Será por quê? Só Nossa Senhora sabe. Imediatamente disse quem foi o doador da imagem, eles não sabiam nem tinham nome e história de doador como aqui narrada. E me identifiquei sendo lançado no tombamento o doador, meu testemunho e meu nome e a história de meu pai aqui contada. Agradeceram a inestimável contribuição. Foi boa a intimação Geraldo. Resultou em historiografia.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 23/10/2017
Reeditado em 23/10/2017
Código do texto: T6150741
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.