ZÉ CARIOCA AINDA HABITA EM NÓS?

De nada adianta buscarmos insistentemente soluções em nossa vida, em nosso meio, se estamos dia após dia fazendo a mesma coisa.... Bem! Esse pensamento pode até nos remeter a grandes pensadores de séculos passados, mas antes de chegarmos a eles vamos observar o seguinte: é possível que alguém deixe cair de seu bolso uma certa quantidade de dinheiro ou uma carteira com cartões de crédito, cheques, moedas e alguém ao encontrar esses bens, diligentemente nos entregar tudo que estava lá, intacto? Quantas vezes já presenciamos isso? Ao contrário, parece que agir assim se tornou quase um ato heroico ou de extrema diferença de valores éticos e morais entre as pessoas. Na verdade hoje, quando isso ocorre, ficamos admirados, por acreditar que ainda existem pessoas do bem e que valorizam e se solidarizam com o outro. Mesmo assim isso atualmente nos parece bastante surpreendente!

Há alguns meses, muitos de nós puderam assistir em noticiários duas situações que nos contavam e que se me recordo bem, uma ocorreu na França e outra no Brasil. A reportagem nos descrevia que naquele país desenvolvido existe o acesso ao metrô para todos. Até aí não há grande novidade. Desse modo um cidadão estrangeiro parou próximo a entrada daquele metrô, observou por algumas horas e em certo momento perguntou a uma das funcionárias da estação, que passava por ali, qual seria o motivo de que para ter acesso ao metrô, houvesse dois tipos diferentes de “roletas”? Então a funcionária olhou para o cidadão e disse que, na verdade ali eram instaladas dois tipos distintos de catracas porque uma das máquinas, somente permite passar quem paga o metrô e a outra era para quem não poderia pagar, isto é, uma máquina para quem trabalha e outra para o desempregado. O cidadão, então, elogiou esse tipo de acesso e se admirou dessa possibilidade. Por outro lado o cidadão, curioso, novamente voltou-se para a funcionária e disse: “vocês não têm medo de que mesmo as pessoas que podem pagar, ajam como “espertos” e passem pela catraca que não paga? A funcionária imediatamente respondeu: “meu senhor, por que alguém faria isso?”

Em outra ocasião, no ano passado, também foi publicada uma reportagem nos noticiários de televisão sobre uma experiência em que universitários de uma grande universidade brasileira realizavam uma pesquisa e para isso fizeram o seguinte: na área de alimentação da faculdade foi instalado um freezer com cerca de quinhentos picolés e sorvetes durante um mês e que não haveria vendedor dos sorvetes. Seria um “self service”, em que o consumidor escolheria o seu sorvete, identificaria o preço que estava afixado no suporte e depositaria o valor em uma caixinha que estava afixada do lado daquele freezer. Pois bem, a notícia se espalhou e a procura estava cada dia mais crescente. Passaram-se os dias e então os pesquisadores foram então verificar o saldo de sorvetes vendidos e toda a contabilização. Constatou-se que mais da metade dos sorvetes foram vendidos, mesmo sem um vendedor presente, porém ao contabilizar o dinheiro da venda, constatou-se que cerca de cinquenta sorvetes não tinham sido pagos.

Podemos compreender que o brasileiro em meio a outras culturas no mundo, precisa em grande parte repensar seus atos e posturas. Claro, que não podemos generalizar a situação, mas ainda existem em muitos de nós os traços do esperto. Existe, além disso, a síndrome do “Zé Carioca”, daquele malandro que somente quer se dar bem em detrimento dos outros. E nesta hora alguns podem se indagar, o que podemos fazer para que isso não perdure, porque essa má fama se instalou de um modo tão frio, mesquinho e intenso? Temos a certeza que muitos, de acordo com suas experiências nos responderiam das mais variadas maneiras. É possível que isso tenha sido enraizado em nós há mais de 500 anos, desde a vinda dos Europeus. Outrossim é que não basta querermos a mudança dos outros, temos de fato que ser a mudança em nosso meio, conforme nos ensinou Mahatma Gandhi, o líder ativista e pacifista indiano. Ou ainda espelharmo-nos nas palavras do físico, alemão Albert Einstein, de que somente quando agirmos diferente, teremos resultados diferentes. Nessa direção, é plausível ainda interiorizarmos aquela canção que nos diz: “quem espera que a vida seja feita de ilusão, pode até ficar maluco ou morrer na solidão. É preciso ter cuidado pr’a mais tarde não sofrer. É preciso saber viver.” Mais do que nunca, Roberto Carlos, é preciso saber viver, saber viver!!!

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 21/10/2017
Código do texto: T6149075
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