CRÍTICA.

A insegurança é a característica da nossa era.Por isso nos debatemos atualmente no contraditório. É o caminho saudável para depurar o que tenha sintonia com o melhor. Os primitivos reagiam mais instintivamente diante da insegurança.

A insegurança reveste todo o tecido social. Excepcionar esta seguridade relativa é o objetivo.

Seres humanos e seus presságios futuristas transitam pelo esgotamento das reservas do ecossistema até a segurança pessoal, coletiva, e de dominação de soberanias e de normatização perenizada em direitos fundamentais, que nos interessam e são solapados.

Bertold Brecth, definia a realidade latente, em "Elogio da Dialética", com essa irrespondível verdade : "A injustiça passeia pelas ruas com passos firmes". E ela vem dessa massa em sua representação poucas vezes suficiente.

Quem não constata "pelas ruas", passeando, a injustiça, real habitante das grandes cidades?

Ela não só "passeia", expande-se como bactéria cuja procriação não cessa.

Que mundo é este onde o sonho e a despreocupação em sobreviver com dignidade foram engolidos pelo cansaço da violência ao extremo, real, e das moléstias civis da cidadania?

É pela crítica que se poderá sair desse caos. A livre manifestação responsável impõe-se, e se inexistente acaba desaguando na intervenção pela força diante do caos instalado. Força real, não a garantidora da harmonia.

Existem três verdades no processo crítico, a dos críticos e a verdade absoluta. Esta última a ciência da lógica, no procedimento crítico, persegue, surgindo do contraditório. Na divisão de castas, de classes, o silêncio dificulta um denominador comum para o povo em sua unidade diante da nação politicamente organizada.

A opinião se apara e se esmera nessa dialética. Cada um tem sua verdade formando o grande rio da discussão social, onde as margens são habitadas por variado contraditório, escorado em formações, quando existem, multifacetadas, plurais. Elas levam ao grande estuário do concerto de vontades, e deságua no mar da verdade absoluta, quando se configura.

Foi assim que a história apossou-se das grandes conquistas humanas, realizando muito, principalmente eviscerando a escravidão formal, fazendo cessar o feudalismo, estruturando o iluminismo, listando os direitos fundamentais humanos, hoje inscritos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, embora de certa forma ficcionais, mas registrados formalmente. Tudo conseguido através do processo crítico.

Todos exaramos nosso conhecimento com autossuficiência. Como o prefixo auto - hoje dobrado pela lusofonia o “s” ou o “r” e suprimido o hífen antes de vocábulos que seguem o prefixo, iniciados com consoante “s” ou “r” – dobramos nossa manifestação diante da antena, internet.

Por evidência, verdade absoluta em lógica histórica, autossuficiência seria (condicional) o convencimento pessoal, o “eu mesmo” de cada um. Isso não significa verdade absoluta.

Mas não há como dar opinião, aceita por uns e recusada por outros, como social, sem ser com autossuficiência.

Não seríamos nós mesmos; só caricatura. O crítico por natureza, formação, o é para tentar ser mais desperto, veja-se, desperto do verbo despertar, e não esperto, e assim mais aprender e compreender.

A crítica é o valor pensante mais alto da dogmática, sem a crítica o pensamento e suas conquistas não estariam onde estão, com todas suas setas atiradas para o futuro da humanidade. Sem Kant, o processo crítico não teria inaugurado a nova e moderna filosofia, e seus alicerces ainda seriam socráticos, aristotélicos e platônicos, para só ficar na tríade maior dos clássicos, as grandes vigas que se de forma alguma foram afastadas, pelo Kantismo se aperfeiçoaram ao lado dos seguimentos, aproximados pela ideia, “pensar a ideia”, notáveis e novos caminhos, como por exemplo, “pensar Deus” e a liberdade, esta que tanto influenciou politicamente.

Nessa esteira deve ser dogma da inteligência fazer crítica e estar aberto à crítica. Quem assim não se posicionar está fadado à estagnação no estamento cerebral. Mas o processo crítico tem suas características acadêmicas, não faz parte de um mero folclore popular. Ele forma as normas. Nesse caldo a manifestação por livre expressão soma o desfecho. E por isso deve ser manifestada , para ser avaliada no contexto geral, contribuindo para a CRÍTICA, o maior procedimento humano designado pelo pensamento.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 21/10/2017
Reeditado em 21/10/2017
Código do texto: T6148928
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.