ANTAGONISMO
ANTAGONISMO (crônica)
Danilo Evangelista...
Naquela cidade tudo era do jeito da delegacia da sua cidade,
exceto um homem gigante de olhos esverdeados e olhar firme e
tenebroso. Esse homem era o policial mais recomendado pelo
povão e pelo povinho de paletó engomado. Nos dias de seu plantão
aconteciam coisas incríveis, coisas de arregalar os olhos da pacata
cidade de São Tenório de Alazão.
Certo dia, e por coincidência, o treze, ele foi trabalhar e passou
o dia todo e uma parte da noite sem dá um prego, até foi descansar,
o que não era comum, pois seus plantões eram dos mais agitados que
já conheci. De repente, lá pras tantas da madrugada, alguém o acordou
com uma pesada batida na porta, era um homem mais sujo que o da nota
de cinco reais envelhecida e com a voz retratando o efeito da cachaça
Se – seu puliça. As palavras saíam dançando mais do que o povo atrás
do Chiclete com Banana.
Vá direto ao assunto – disse o policial já irritado.
C – calma s- seu puliça, alguém deu no meu barraco.
- onde fica e o que levaram?
- Levaram o DVD do meu cunhado.
- Tem alguma suspeita?
- Não.
- Favor se retirar que vou ver o que faço depois do amanhecer, pois estou sozinho no plantão, concluiu o policial.
Fatos como esses fazem parte do cotidiano em qualquer delegacia
e, principalmente na carreira do policial Puloquério, pois era costumeiro
morrer até cinco no dia de seu plantão, mas nesse dia não houve problema,
o único foi o bêbado. A cidade nessa noite não acordou com a polícia
pegando o ladrão, nem o ladrão pegando a polícia, Puloquério teve sorte
no seu dia de azar.