Diferente
Diferente
Ser diferente é isto. Um coreano de 22 anos, aluno da Universidade de Virginia nos Estados Unidos, mata 32 pessoas e depois se suicida. Uma pessoa me pára na rua, no centro de Itabuna e me pergunta.
- “O senhor é coreano?”.
- Claro que não sou coreano, sou japonês. Respondo
Depois fico me questionando:
- Será que para ela, faz alguma diferença se eu sou coreano ou japonês?
- Por que eu respondi com tanta veemência, negando o fato?
- Por que eu me identifiquei como japonês, se há mais de 30 anos tenho a cidadania brasileira?
Ser diferente é isto. Depois de 34 anos como brasileiro, naturalizado com todas as formalidades legais, cumprindo com todas as obrigações de ser brasileiro, CPF, título de eleitor, CNH, o escambau, sou conhecido apenas como “o japonês”.
Nestes 34 anos, ser japonês já foi ser mesquinho, já foi ser bandido, falso e submisso. Mas também, já foi ser inteligente, lutador e determinado. Onde é que eu me encaixo nisso?
Ser diferente é isto: É ser igual a outros diferentes. Afinal de contas não somos todos iguais? Somos?
Agora, ser coreano virou ser um monstro. Amanhã pode ser outro dia. Eu sou apenas parecido...
E alguém poderia dizer, “... mas que lembra, lembra”.
Itabuna (BA), 17 de abril de 2007.