A missão
Elas se agrupam num canto da sala, procurando manter a seriedade. O corpo da professora no meio da peça, submergindo sob as flores, o fúnebre das velas amarelando o ambiente. Vieram cumprir um dever, apesar da pouca idade. Evitam olhar umas para as outras, poderiam quebrar a solenidade do momento. De repente, uma espécie de soluço corta o silêncio. Como se fosse um sinal... Uma das meninas leva a mão à boca, na tentativa de segurar aquela força que a sacode, depois outra perde o controle do riso que força a passagem, mais outra... Desatinadamente, elas correm para a sala ao lado, tentando conter o impulso, mas é inútil. As gargalhadas explodem, elas se precipitam para a porta da rua, vêem-se livres e riem, riem, num acesso nervoso. Nenhuma se anima a voltar para o velório: foi o seu primeiro e esperam que tão cedo não precisem ir a outro. Lá dentro, o padre encomenda o corpo da professora.
OBSERVAÇÃO: Vou estar ausente do Recanto a partir da próxima semana, por motivo de viagem. Devo retornar no fim de novembro. Abraços a todos os amigos.