TRIANON MASP

Sabe aquele visual comportado, com vestimentas elegantes, conversas entre as pessoas e comentários sobre as obras de arte a meia voz que eram parte obrigatória dos ambientes de exposições e eventos? Pois bem, deixaram de existir.

É o verdadeiro circo dos horrores com direito a tudo o que, antes, era proibido. Até, e apesar das placas de advertência, pessoas circulam consumindo bebidas e alimentos por entre as obras de Portinari, Cézanne, Renoir, Prost, van Gogh, Brecheret, Dali, Tarsila, Iberê, Di Cavalcanti...

Crianças sem educação com pais permissivos correm por entre os expositores sob o olhar impotente dos funcionários que, caso reclamem de algo, serão processados por constrangimento ou assédio moral (tudo de acordo com o ECA que deveria ser o reforço para formação de cidadãos, mas que, pela nefanda interpretação do “politicamente correto”, foi transformado em manual para formação de marginais e delinquentes).

Em afrontoso contraste com a proporcionalidade escultural das obras de arte, os adultos, com roupas esburacadas expõem nos corpos obesos as repugnantes tatuagens, os piercings, os cortes de cabelos, meio raspados, meio longos, pintados com cores tão berrantes quanto das unhas em sexos indefinidos pelas aparências bizarras e as ridículas atitudes no melhor estilo “se você não me achar normal é porque é preconceituoso, homofóbico e reacionário”.

Aos pares, esses “diferentes” de ambos os sexos trocam carícias e andam de mãos dadas no museu, nas ruas do entorno e no Parque Trianon.

Em plena Avenida Paulista, centenas de ambulantes vendem de tudo. Um senegalês, com quem pratiquei um pouco do meu francês inculto, queria que eu comprasse roupas coloridas da terra dele ou mesmo um tarbush (aquele chapeuzinho feito de pano ou renda usado pelos muçulmanos, também chamado de quipá, pelos judeus ou solidéu, pelos católicos). Não sei se ele acreditou, mas eu já tenho um que comprei em Casa Blanca/Marrocos quando passei por lá em 2011.

O MASP – Museu de Arte de São Paulo fica na Avenida Paulista, 1578 no centro da capital e foi inaugurado em 1947, mantém exposição permanente do seu belíssimo acervo e exposições temporárias (atualmente obras do pintor Pedro Correia de Araújo) e o seu vão livre, no mesmo nível da avenida, serve de palco para as manifestações contra e a favor dos governantes.

Do outro lado da avenida, fica uma das entradas do Parque Trianon que foi inaugurado em 1892 e oficialmente se chama Parque Tenente Siqueira Campos, mas como a maioria dos logradouros públicos, ninguém conhece pelo nome oficial. Trata-se de uma das “ilhas verdes” (um fragmento de mata) no centro onde ainda se podem ver pássaros.

É bem vigiado pela guarda municipal a fim de evitar a ação predatória dos visitantes. Por todo o perímetro, várias esculturas e a erma do idealizador/fundador paisagista Paul Villon.

Na feira vegana, instalada numa das transversais da Av. Paulista, Márcia e eu lanchamos, aquelas comidinhas com o apelo de que não houve sofrimento para produzi-las, mas esse pessoal de linguajar e comportamento ortodoxo, se não sabe, faz questão de esquecer que os vegetais também são seres vivos, que têm sentimentos e que desenvolvem talos e folhas para manterem-se vivos e que as frutas, amêndoas e sementes são reservas alimentares para os seus filhos, os embriões que em letargia aguardam as condições propícias para as germinações e os seus desenvolvimentos darão continuidade às espécies pelas próximas gerações.

O calor intenso não foi empecilho para o cafezinho e, antes que caísse o temporal que a meteorologia previu e que estava se armando por sobre os prédios, voltamos para casa.