A minha irmã mais nova me perguntou quem eu queria ser quando crescesse. Ela tem 8 anos, eu tenho 22. Embora eu realmente ainda não seja quem eu queria ser quando crescesse e a pergunta faça total sentido para ela, fiquei me perguntando o porquê. Claro que me passou pela cabeça o fato da minha altura não ser exatamente proporcional ao que ela espera de um adulto, tenho 1,54. Também pensei sobre o outro fato ainda mais irritante dela ter quase a mesma altura que eu, mesmo com 14 anos de diferença (ela puxou o nosso pai). É claro que em muitas situações, também pelo fato de estarmos nos conhecendo agora, a pergunta faz sentido, mas mesmo assim me tocou profundamente.
Além de provavelmente estar estampado na minha cara que não sou quem eu queria ser (crianças sabem dessas coisas e as sentem, o que é ainda pior), fiquei pensando na criança que ainda sou. Talvez ela me veja como uma criança que dirige e talvez me veja assim porque sou tão moleca quanto ela. Ela quer cambalhotas? Faço cambalhotas. Quer plantar bananeiras? Planto bananeiras. Quer que eu pague uns micos na frente de todo mundo? Pago. Eu faço muito mal o papel de adulta. Minha prima Lavínia, 12 anos, sabe que não nego um desafio, seja fingir que estou meditando dentro de uma loja no shopping, seja fingir que o chão é um mar cheio de tubarões e só estamos a salvo em cima de alguma coisa em lugares públicos, seja ir fazer compras na torre de tv vestindo pijamas, ou me maquiar de caveira mexicana e ir ao Mc’Donalds como se nada estivesse acontecendo ou experimentar 3 peças de roupa uma por cima da outra numa Lojas Americanas e desfilar. Eu tenho um certo apreço pelos meus micos.
É muito divertido e importante estar em contato com a sua criança interior, eu sei. E sei que tudo que eu falei pode ser perfeitamente tranquilo, nada demais. Mas eu fui além. Quando a Maria Fernanda me perguntou sobre quem eu queria ser, eu realmente gostaria de responder “adulta” e não seria uma resposta engraçadinha para fazê-la rir, até porque seria totalmente patético, já que teoricamente sou adulta mesmo. É que ela me fez pensar no quanto sou infantil. Em tudo na minha vida é como se não tivesse saído da infância. Sou egocêntrica, egoísta, mimada, dou birra, quero tudo do meu jeito, reclamo, me sinto rejeitada quando recebo um não, quero atenção, acho que sempre tenho razão, sou prepotente, sinto inveja, coloco a culpa que é minha nas costas dos outros, acho responsabilidade chato e de todas essas coisas, só tem um detalhe, só um presente que recebi quando adulta, a vergonha de sentir e ser assim. Quando crescemos apenas aprendemos a fingir (ou negar até não enxergar), mas não deixamos de ter tudo isso dentro de nós. Aprendemos que é feio, que é ruim, mas não nos ensinam (e acredito que não queremos muito saber) como ser diferentes ou melhores do que isso.
Acho que ser adulto é ser responsável por si mesmo. Pelos erros, pelas falhas, pelo sucesso, por sua própria jornada, por sua própria colheita, independente do que tenha plantado. Achou que eu estava falando de pagar as próprias contas? Essa é a parte fácil. O difícil é aceitar que você é responsável por tudo que te acontece, que não existe vítima, nem réu, porque o papel que você vai fazer em cada situação da sua vida também é você quem escolhe e o passado nunca importa.
Passam a vida perguntando pra gente o que vamos querer ser quando crescermos e mudamos a resposta várias vezes ao longo dos anos, mas pouca gente realmente sabe o que gostaria de ser ou faz isso depois que sabe. Acho que hoje essa pergunta é muito maior, muito mais profunda para mim do que pensar numa profissão, porque mais do que saber o que quero ou vou ser quando eu crescer, quero saber como crescer. Como melhorar quem sou, como mudar os comportamentos infantis, que embora sejam comuns, estão longe de serem normais na minha idade.
É claro que respondi para ela um mero “escritora” e ela me disse que quer ser veterinária, mas essa mocinha de 8 anos desencadeou reflexões que vou levar por muito tempo com uma simples pergunta. E esse foi o meu presente de dias das crianças. Claramente o que eu precisava.
Além de provavelmente estar estampado na minha cara que não sou quem eu queria ser (crianças sabem dessas coisas e as sentem, o que é ainda pior), fiquei pensando na criança que ainda sou. Talvez ela me veja como uma criança que dirige e talvez me veja assim porque sou tão moleca quanto ela. Ela quer cambalhotas? Faço cambalhotas. Quer plantar bananeiras? Planto bananeiras. Quer que eu pague uns micos na frente de todo mundo? Pago. Eu faço muito mal o papel de adulta. Minha prima Lavínia, 12 anos, sabe que não nego um desafio, seja fingir que estou meditando dentro de uma loja no shopping, seja fingir que o chão é um mar cheio de tubarões e só estamos a salvo em cima de alguma coisa em lugares públicos, seja ir fazer compras na torre de tv vestindo pijamas, ou me maquiar de caveira mexicana e ir ao Mc’Donalds como se nada estivesse acontecendo ou experimentar 3 peças de roupa uma por cima da outra numa Lojas Americanas e desfilar. Eu tenho um certo apreço pelos meus micos.
É muito divertido e importante estar em contato com a sua criança interior, eu sei. E sei que tudo que eu falei pode ser perfeitamente tranquilo, nada demais. Mas eu fui além. Quando a Maria Fernanda me perguntou sobre quem eu queria ser, eu realmente gostaria de responder “adulta” e não seria uma resposta engraçadinha para fazê-la rir, até porque seria totalmente patético, já que teoricamente sou adulta mesmo. É que ela me fez pensar no quanto sou infantil. Em tudo na minha vida é como se não tivesse saído da infância. Sou egocêntrica, egoísta, mimada, dou birra, quero tudo do meu jeito, reclamo, me sinto rejeitada quando recebo um não, quero atenção, acho que sempre tenho razão, sou prepotente, sinto inveja, coloco a culpa que é minha nas costas dos outros, acho responsabilidade chato e de todas essas coisas, só tem um detalhe, só um presente que recebi quando adulta, a vergonha de sentir e ser assim. Quando crescemos apenas aprendemos a fingir (ou negar até não enxergar), mas não deixamos de ter tudo isso dentro de nós. Aprendemos que é feio, que é ruim, mas não nos ensinam (e acredito que não queremos muito saber) como ser diferentes ou melhores do que isso.
Acho que ser adulto é ser responsável por si mesmo. Pelos erros, pelas falhas, pelo sucesso, por sua própria jornada, por sua própria colheita, independente do que tenha plantado. Achou que eu estava falando de pagar as próprias contas? Essa é a parte fácil. O difícil é aceitar que você é responsável por tudo que te acontece, que não existe vítima, nem réu, porque o papel que você vai fazer em cada situação da sua vida também é você quem escolhe e o passado nunca importa.
Passam a vida perguntando pra gente o que vamos querer ser quando crescermos e mudamos a resposta várias vezes ao longo dos anos, mas pouca gente realmente sabe o que gostaria de ser ou faz isso depois que sabe. Acho que hoje essa pergunta é muito maior, muito mais profunda para mim do que pensar numa profissão, porque mais do que saber o que quero ou vou ser quando eu crescer, quero saber como crescer. Como melhorar quem sou, como mudar os comportamentos infantis, que embora sejam comuns, estão longe de serem normais na minha idade.
É claro que respondi para ela um mero “escritora” e ela me disse que quer ser veterinária, mas essa mocinha de 8 anos desencadeou reflexões que vou levar por muito tempo com uma simples pergunta. E esse foi o meu presente de dias das crianças. Claramente o que eu precisava.