Mensagens que edificam - 320
Vislumbrando o paraíso, vivi os meus infernos, e não foram poucos, foram muitos.
Desejando o céu, desci ao seol e despenhei-me em profundos abismos.
Buscando terra firme, senti os mais terríveis sismos.
Procurando a verdade, emaranhei-me nas teias da mentira, e amarguei o vinagre das falácias.
Acreditei em contos, mitos e lendas; viajei acordado em transes que por vezes me fizeram pensar ser arrebatamento, quando na verdade não passava de um sepultamento. Sim, eu me permiti assistir o meu próprio enterro, o funeral da lucidez e a entrega hipnótica da sensatez, aliás, quanta insensatez... Onde tudo é possível, o maior dos acontecimentos não acontecidos são entorpecidos por uma pequena palavra: fé.
Fé no improvável, fé no oculto e no abstrato, fé no impalpável, fé no relato inexato, fé no argumento não fundamentado, fé na explicação do inexplicável, fé no porvir que não há de vir, fé na premonição e na profecia, fé na convicção da palavra e na ausência do ato.
De tanto esperar aprendi a estudar, e de tanto estudar desenvolvi a capacidade de questionar. Descobri que só se aprende perguntando, e se perguntar não ofende:
"O que você faz esperando?"