BAR DO CARLITO.

- A cada dia, cada vez menos Brasileiros, conservam no peito o patriotismo. Está muito diferente da nossa época na escola, que tínhamos que cantar o hino nacional na hora do intervalo.

Disse Carlito, o dono de um bar qualquer, de um lugar sem nome, ao colocar as cervejas na mesa para os amigos.

- Como ser patriota Carlitos? Se ao menos os políticos combatesse de forma correta tudo o que está de errado, tipo: Corrupção, roubalheira, dinheiro na mala.

- Você só pode estar de zueira né, Ôoo amigo, você vai pedir para o ladrão guardar sua casa é?

- É por isso que sempre digo: Se aqui fosse que nem a China por exemplo; estaríamos em outro patamar.

- Não é bem assim - Respondeu outro amigo - A coisa lá é diferente, o buraco é mais embaixo. A mão de obra por exemplo; é praticamente escrava, lá se trabalha feito louco, em condições horríveis e sem o mínimo de segurança. Sei não amigo, sou mais o Brasil mesmo.

- É… Analisando bem… Eu concordo com você, infelizmente é verdade. Mas pensa comigo… O Brasil, desde o seu descobrimento que vem sendo roubado descaradamente. É um absurdo… Todo mundo rouba a gente, todo mundo quer tirar proveito, ah peraí né.

- E as polêmicas desta última semana?

Disse Marconi para aflorar ainda mais o bate papo.

- Quê polêmica você está se referindo?

Perguntou seu José.

- Ô homem desatualizado, o seu José, não assiste jornal não?

- Olha só quem fala, o William Bonner do bar da esquina.

- Ei vocês dois, vamos parar com isso. As polêmicas se regerem as exposições daquele museu, onde o cara ficou pelado com a criança tocando nele.

- Ah tá! A exposição… Nem vou falar nada, melhor ficar calado.

- É seu Carlito… Hoje em dia fica até difícil expressar sua opinião, ainda mais sobre um assunto desses.

- Se fosse só essa exposição, dava-se um jeito, mas acontece que, o negócio virou febre; está se espalhando Brasil a fora. Isso na minha opinião é pornografia, não tem outro nome.

- Gente! A coisa está ficando tão estreita, que se não tomarmos cuidado com o que falamos, somos processados e até presos.

- Eu não sei nem o que vou dizer.

- Nem eu Marconi.

- É o Brasil meus amigos.

- Fazer o que né gente, o melhor mesmo, é terminar essa cerveja, e ir embora para casa, já beira as duas horas da tarde.

- Caramba!!! Já… Ô Loco meu, eu também vou indo.

- Vamos embora então, em comboio, esse papo já deu o que tinha que dar, nesse país nada vai pra frente mesmo, tudo acaba da pior forma sempre, é horrível viver aqui, por isso eu bebo, que é pra esquecer essa merda toda.

- Já que não dá para ir pra China, eu vou para o meu lar doce lar, antes que a patroa se zangue, lá o sistema é bruto companheiro, cochilou cachimbo caí.

- Se fosse só você seu José, eu daria um jeitinho, mas aqui todos tem o pé amarrado.

- É… pelo jeito… Só eu mesmo vou ficar, fazer o que né, bando de homem frouxo viu.

- Também seu Carlito, sua esposa faleceu há dez anos, o senhor é o dono do bar, vai sair como?

- Eu sei, é uma terrível adorável liberdade, fazer o quê, um bom dia para vocês, voltem amanhã, neste mesmo horário, e neste mesmo canal.

- Até mais amigos… Amanhã voltaremos… Pendura aí seu Carlito, te pago na sexta-feira, o pagode não saiu ainda.

- Pendura para mim também, inté pró seis, cambada merda…

Um a um os militantes do copo foram saindo, e essa foi mais uma manhã no bar do seu Carlito.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 13/10/2017
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