A dog´s day

A efusão popular para celebrar a padroeira, por meio do foguetório, iniciada agora, às seis da matina, antecipa um dia de cão para o nosso amigo mais fiel. De ouvidos extremamente mais sensíveis, cabe ao guardião da casa e de nossos afetos, enfiar o rabo entre as pernas e se enfiar sob o primeiro e mais remoto refúgio que puder encontrar. Protestar não adianta, individualmente ou em grupo, pois nada detém a crendice popular de que a santa homenageada gosta mais de foguetes do que aquele líder coreano, o Kim, a quem o poderoso e ainda mais inflamável Trump chama desdenhosamente de " Little Rocket Man"...

Nas cidades de romaria, entretanto, a volúpia foguetória, é ene vezes mais expressiva, contagiante e inebriante. De agradecimento, votivos, ou mesmo para fazer um barulho a mais, não há efeméride que passe sem essa manifestação. À crise, como ao cão, afasta-se com essa ancestral explosão. Que, aliás, compõe-se, de ondas sucessivas. A de agora, das seis da matina, durou uns dez minutos.

Uma eternidade para caninos ouvidos. E um alívio para os que vivem da pirotecnia, que de nossa desesperançada nação é a explosão da esperança de um dia.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 12/10/2017
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