Primeiro de setembro de 2017
Faz tempo que eu não venho por aqui. Pensei em não escrever mais nada do que vejo da vida, porém, percebi que fazendo isso, seria uma tola, pois bem, volto ao meu lugar por mérito e dom, mas volto pra falar de família.
Primeiro de setembro de 2017, me sinto só.
É complicado sonhar, a vida nos possibilita isso, possibilita imaginar um futuro. Crescer dói, e eu diria que a pior dor é essa. Quando crianças sonhamos em ser jovens, quando jovens, em ser criança, ninguém pensa em ser velho, se aposentar, apesar de estar difícil nessa atual situação política. Ninguém quer ser velho, pois bem. Mas isso não vem ao caso, eu quero falar de sonhos.
Você já pensou se um dia pudesse lembrar de tudo o que sua família passou na sua criação até os cinco anos de idade? Difícil, vamos imaginar que você fosse abandonado em uma rua e crescesse em uma instituição, que tipo de pessoa você seria? Que jovem você sonharia ser quando criança? Que criança você sonharia ser quando jovem?
Quando eu era criança, eu não fui abandonada em nenhum beco, e nem cresci sobre tutela de instituições, porem isso me leva a pensar, o quanto nós reclamamos da vida que levamos, sem perceber que um dia a vida nos levará, quanto tempo perdemos acreditando que nossas mães, pais, avós, avôs, tios ou tias, são um calo no sapato, é! Um calo mesmo, pois, é assim que alguns jovens imaginam.
Na nossa sociedade sempre existiu a necessidade de crescermos em família, pois a família é o primeiro socializador. Já pensou se você não tivesse uma?
Não vamos sonhar com a família perfeita, nem em como faremos para sermos os perfeitos da família, mas em que contribuição estamos dando para que as coisas andem bem lá em casa, como estamos nos comportando, que culpa colocamos no comportamento protetor da pessoa que cuidou de nós desde os primeiros dias. Qual o valor que estamos dando para o esforço diário do trabalho dedicado para o nosso sustento.
Disse que estava me sentido só lá no começo. Estou.
Vivemos uma adolescência, onde uma parte dos jovens buscam um nível superior, isso é muito bom, porém, o pior é a partida.
Sonhamos, projetamos, arquitetamos planos para sair da casa dos nossos responsáveis, porém não fazemos ideia do quanto isso nos custa emocionalmente.
Eu me sinto só, pois falta meu pai e minha mãe, meus irmãos e uma internet boa, me sinto perdida com a economia. Ser adulto é economizar, e ser adulto antes dos 20 é problema. Sair de casa aos 18, é sonhar grande, é não se dar conta de que laços vão se fragilizar, é não acreditar que existem problemas tão grandes, é se deparar com eles, é faltar comida, jantar pipoca, sentir dor e não saber qual remédio tomar, conversar com as paredes, querer sair para qualquer lugar menos entediando do que a sua kit net, ser adulto é chato, é pagar conta de luz, de água, telefone, cartão de credito. Mas ser criança é sofrer. Na infância, por ser uma época de grande desenvolvimento e descoberta, acontece tudo de horrível que tem para acontecer. Eu quero é ser velho, pois velho é ser como criança. Na verdade eu nem sei quem eu quero ser.