Os pais são verdadeiros anjos da guarda
Faltando três meses para concluir o período de licença maternidade da minha esposa, surgiu um problema de resolução não muito fácil. Quem iria cuidar do nosso filho, uma vez que tanto eu quanto a mãe trabalhávamos de acordo com o regime de 40 horas semanais, ou seja, uma grande parcela do nosso dia estava comprometida com as obrigações profissionais. Na ausência dos pais, o ideal seria contar com o assessoramento dos avós, mas no nosso caso, por “N” motivos não foi possível. Então decidimos, de comum acordo, que contrataríamos uma babá, pois recorrer a creche estava absolutamente fora de cogitação. Com o aval da minha esposa, a babá começou de fato a exercer a árdua tarefa de cuidar de um bebê de oito meses de idade.
Durante os primeiros dois meses, tudo parecia estar na mais perfeita ordem. De repente notamos, durante a troca de fraldas, que o cotovelo do nosso filho estava muito inchado, parecendo um panetone. A Babá indagada a respeito do problema, simplesmente disse-nos: Que nada de diferente havia ocorrido. No dia seguinte, levamos o nosso filho ao médico para verificarmos o motivo daquele inchaço que apareceu, aparentemente, do nada. Após o procedimento de praxe, o médico disse-nos: Trata-se de uma luxação, muito provavelmente ocorreu uma queda ou um procedimento inadequado por parte da responsável pelos cuidados do menino. Isto foi a gota que estava faltando! Chegando em casa, fiz uma pergunta para a minha esposa: Quem vai pedir demissão do trabalho, eu ou você? Após uma reflexão, ela também percebeu que chegou a hora de uma definição em prol do bem-estar do nosso filho. Decidimos, de comum acordo, que eu seria a pessoa mais indicada para "chutar o pau da barraca”, pois o meu emprego não contava com tantas benesses.
A partir daí, a minha vida ganhou um outro significado. Eu literalmente incorporei o papel feminino durante um período de aproximadamente três anos. O meu dia a dia resumia-se a dar de comer, dar de beber, dar de trocar, dar de dormir, dar de cuidar, enfim, dar de amar. Essa experiência maravilhosa veio confirmar a minha suspeita: não existe absolutamente ninguém que possa cumprir com êxito o papel reservado aos pais. A missão é tão nobre que não existe dinheiro no mundo que possa remunerar esse oficio. Como vocês já perceberam, eu sou um pouco eclético, se todo mundo vai pra direita, eu vou pra esquerda e vice-versa, pois eu acredito que “Toda unanimidade é burra”, pensamento do nosso inesquecível e genial dramaturgo, Nelson Rodrigues. Não confunda eclético com doido!
É uma grande pena o que está acontecendo hoje com a família, em nome da prosperidade. A Família moderna está terceirizando os cuidados parentais, ou seja, está delegando para outrem (avós, tios, babás, secretárias do lar, escolinhas), a execução de uma tarefa que, até pouco tempo atrás, era exercida exclusivamente pelos pais. Você saberia responder que tarefa é essa? É a árdua tarefa de criar os filhos! Na natureza este fato seria inconcebível! Imagine uma leoa transferindo sua responsabilidade de cuidar dos seus filhotes para um parente próximo?
Pais, não desperdicem essa oportunidade de ouro! A sua missão é divina! A sua autoridade é legitima! O seu filho precisa de você inteiro! Não existe momento em que seu filho não precise de você! O seu filho não quer só comida. O seu filho quer comida, pai e mãe! Antes de tudo, não se esqueça de que o melhor presente para o seu filho é o seu tempo!