Má perdedora

É simples: Não sei perder. É fato e sou mulher adulta pra assumir: sou uma mimada. Perder me faz chorar, me faz remoer, me faz ter vontade de bater o pé no chão, cruzar os braços e berrar "volta pra mim!". Na maioria das vezes faço isso. Juro que estou tentando melhorar e até já tenho tido algum progresso, mas é difícil aceitar.

Papai e mamãe me criaram com raiz firme, que não brota em qualquer solo , não, mas que, quando brota, cresce, floresce, rasga e estremece asfalto, afunda na terra e encosta nos lençóis freáticos. Difícil de arrancar raiz forte. Difícil também de entender essa fortaleza. Só entende quem é caule. Folha seca e quebradiça desprende facil, sem vida, sem raiz...

Já falei que sou mimada! Coleciono histórias e não gosto de perder os personagens. Mimada não é egoísta, veja bem. Deixo que seja meu, deixo que seja dos outros ao mesmo tempo, deixo que seja do mundo todo, só não deixo que me deixe. Porque se me deixar vou me jogar no chão esperneando pra você voltar e você vai passar vergonha. Já falei que sou mimada, né? Faço isso uma, duas, mil vezes se necessário. Mas tem gente que é rude, que não volta mesmo, nem com toda a minha braveza. Aí eu arranco a raiz fora, só que ela é dura feito tronco, lembra? E dói. Choro, me recupero não isenta de cicatriz e volto sempre à mesma conclusão: não sei perder, droga!