IGNORÂNCIA RELIGIOSA.
O que é isso, IGNORAR? Desconhecer, nada saber de algo, ignorar é verbo indicativo de desconhecimento.
Li essa manchete em um jornal, com título em epígrafe. Agressivamente pejorativo.
Se nada de produtivo pode-se dizer, o silêncio é desejável. Não fere o ignorante a ignorância em afirmação desse quilate, só mostra a insuficiência de sua ignorância o ignorante dessa formulação.
Que credenciais do desconhecido tem o gênio afirmador? Quem lhe outorgou mandato do além para certificar transcendências ignaras ou não? É detentor do controle das certezas religiosas dentro de suas absolutas incertezas? Descobriu em que fonte as verdades que encerra? São formais, físicas? Não são produto de fé, mesmo firmes, embora voláteis e etéreas?
Ignora sim, os fundamentos da religiosidade, quem diz ser um ignorante quem professa uma ou outra crença.
Religiões e religiosos são pontes de subjetividade, vagam ansiosos e acreditados em suas fortes razões, ancoradas em estruturas de fé no desconhecido, ainda que lastreados em padrões históricos.
Por ser desconhecido é ignorado naturalmente. Assegurar algo de integralmente verdadeiro em religiosidade somente como decorrência histórica, historiografia, história das religiões, de seus lideres, dos mártires, dos fenômenos envolventes dos ritos no curso da humanidade.
Ignorar é predicado de uma busca que movimenta muitas vidas e atividades, e as alimenta. Em religião, é um segredo mágico que desperta para algo melhor, um salto no escuro para o anseio da claridade que faz de nosso interior um vulcão em permanente ebulição para distinguir um espaço de paz onde essas mesmas increpações inexistam.
Ignora quem diz ser ignorante um religioso, e ignorância professar religião qualquer seja. Ignorante é quem vive exclusivamente da matéria, já é de alguma forma uma alma penada, se alma tem.