Jadir Vilela

Por três fontes distintas, distinguidas e divinopolitanas recebi hoje, no início da tarde, quase que simultaneamente a notícia do passamento do Professor Jadir Vilela Filho, natural daquela progressista cidade do centro-oeste mineiro, onde passei um triênio de minha existência, precisamente de 1966 a 1968.

Fiz lá o curso clássico em duas reputadas instituições de ensino locais, dois anos iniciais no Colégio São Geraldo, como seminarista e, já fora da eclesial pista, o terceiro, o Estadual do Porto Velho. Nesse último ano fui aluno de Adélia Prado, de Adércio Franco e de Miriam Pirfo, só para citar uns poucos, tão bons e devotados como os não citados.

Se não me falha a memória e ela não se peja em ratear, Jadir, que fez o Científico, e portanto foi da turma mais das exatas, foi meu contemporâneo, formando-se no mesmo ano de 68. Lá eles tinham também professores de quem podiam se gabar, como era o caso de um Jáber, da matemática. De dois desses das exatas, pelo menos eu tive alguma proximidade, comungando tanto agruras e esperanças da idade, quanto empatia natural: o Geraldo Abreu, de Pitangui - que fora meu colega de ginásio em Pitangui - e o Márcio Lara que, além de jogar futebol de salão feito um Falcão, era a simpatia em pessoa. E que, se já não tem mais aquela esquerda demolidora, faz tudo às direitas, inclusive na literatura infantil em que se tornou uma referência.

Já o Jadir, curioso, estive com ele uma única vez, num bate papo, sem cerveja até, mas que foi o suficiente para ver emergir sua alma poética, à época muito centrada nas trovas. E, se não me engano, é de sua autoria uma das trovas mais bem compostas que já ouvi, e quiçá a única que consigo recitar de cor, meio século depois, laudatória que é da cidade do Divino e cuja temática era então "Frio", e que não sem razão fora vencedora num concurso recente havido naquela acolhedora cidade:

Divinópolis, o teu frio

o forasteiro não sente

pois encontra calor de estio

no abraçar de tua gente...

Palmas para você Vilela, sua lembrança, ainda que tênue, e seu legado, permanente, consolam - e aquecem - o coração da gente.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 09/10/2017
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