ESCRITOR, SOCIÓLOGO E GULOSINHO

GILBERTO FREYRE, nascido em Recife em 1900, circulava nas casas-grandes dos engenhos. Estudou, principalmente, a formação da família brasileira, sob o regime da economia patriarcal. Enredos novelescos sobre a união de brancos/negras sem casamento, com a sugestão do sofrimento destas assim discriminadas; a ama negra na criação dos meninos da casa-grande no Brasil patriarcal; despotismo patriarcal; casamentos consangüíneos e quase incestuosos; lutas ferozes entre familiares; modinhas e erotismo; relações afetivas entre escravinhos e sinhosinhos; senhores quase feudais, es´psas jovens e até menores; vida rude e crenças religiosas; culinária etc. Impulsivo colecionador de papéis em geral, fossem manuscritos antigos, recortes, cartas, entradas de teatro... Todo este acervo encontra-se na FUNDAÇÃO GILBERTO FREYRE, no solar de Santo Antônio de Apipucos, casa-grande do século XIX, onde viveu de 1941 até sua morte em a987. ----- Principais obras: ----- 1-CASA GRANDE E SENZALA, primeira edição em 1933 - Uma nova forma de abordar a História do Brasil, obra sobre a sociedade patriarcal, sem registros cronológicos de guerras, coroações e heroísmo, mas baseada em oralidade, manuscritos, documentos pessoais, anúncios de jornal... Características gerais da colonização portuguesa, formação de uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica e híbrida na composição étnica e cultural. ----- 2-SOBRADOS E MUCAMBOS - Decadência do patriarcado rural e desenvolvimento urbano; conflitos e conciliações entre engenho X praça, casa X rua, pai X filho, mulher X homem, sobrado X mucambo, brasileiro X europeu... ----- Em GILBERTO FREYRE havia também o homem glutão, incluindo culinária em muitos dos seus textos. Em 1939, escreveu o livro ASSUCAR (grafia antiga), de receitas culinárias; em 1951, o artigo MAPA CULINÁRIO DO BRASIL, na revista O CRUZEIRO, com citação ao sarapatel de tartaruga do Amazonas, ao peixe com pirão de coco, ao mungunzá, ao churrasco gaúcho... união da cozinha indígena com a do colonizador português e o tempero africano. Receber convidados era um prazer e uma das preciosidades era seu conhaque de pitanga, do qual apenas se sabe que era feito com frutas maduríssimas, engarrafado por 10 dias até receber gotas de licor de violeta e raspas de canela em pau.

FONTES:

“Freyre queria entender de tudo na vida”, de EDSON NERU DA FONSECA - “Freyre no país da Dulcelândia”, de LÍVIA BREVES - Rio, jornal O GLOBO, 31/7/10 e 29/8/13.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 07/10/2017
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