EXERCITANDO A OMISSÃO
Ontem, bastaram 30 minutos e o ronco da moto serra pôs na horizontal, num tombo só o enorme e sadio eucalipto.
Embora frondoso e sadio, aquele ser certamente colecionou no mínimo uns 40 anéis de crescimento. Diferentemente de mim, quanto mais crescido, mais imponente e magnifico.
Alguns dirão que era exótico, ou seja, trazido de outras paragens, outros tantos comentarão que atraia raios e trovoadas.
Hoje quando passava pelo cruzamento das ruas Prof. Clemente Pinto com Antônio Divan, deparei-me com o generoso jacarandá, que distribuía sombra, enquanto as pessoas esperavam para atravessar, tão movimentado cruzamento, já feito em fatias. Na última ventania ele desabou. Desabou não porque estivesse velho, doente, mas pelo desiquilíbrio que tiraram-lhe ao amputar um de seus membros aéreos.
Tenho acompanhado-o, pelo menos nestes últimos anos. Em 2007, enquanto eu aguardava para atravessar a rua, por instantes parei para admirar suas flores lilases, quando meus olhos encontraram num jovem exemplar da orquídea Cattleya tigrina, comumente chamada de cattleya leopoldii, no ano seguinte, já com quatro hastes ela floresceu. Em 2012, um veículo da terceirizada da companhia elétrica, cortou-lhe vários galhos, inclusive a moto serra só parou a meio metro da cattleya, mas não por piedade do funcionários, nem pelo meu pedido, mas pela intervenção divina, a quem conclamei por ajuda.
Era uma questão de tempo, aliás, para a maioria dos jacarandás que estão no meio do caminho das redes elétricas é uma questão de tempo.
Quando assisto as mutilações, vem-me a cabeça, a possibilidade de amarrar um dos braços do mandante e mandá-lo correr, apar assistir um tombo feio.
Então qual seria a solução?
- Por redes elétricas subterrâneas! - Não seria viável, pelo custo e pela bagunça que causaria.
- Arrancar as árvores de grande porte e plantar no lugar árvores nativas de pequeno porte, tipo pitangueiras, cerejeiras riograndense, guabirobeiras, jabuticabeiras, dentre tantas. Claro que somente isto não me contentaria, precisariam desapropriar pelo menos um lote de 30 X 50 m em cada quarteira e ali plantar, pelo menos meia dúzia de árvores de grande porte, tipo paineiras, figueiras, timbaúvas, jacarandás, guapuruvus, dentre tantas.
Claro que a omissão não é minha nem dos deuses!do poder público!