Coberto e abrigado
No jargão militar, o combatente deve seguir esses dois preceitos básicos para se manter vivo na batalha. Também no cotidiano da vida, podemos aplicar os conselhos dos especialistas em conflitos armados e procurar colocar em prática algumas técnicas interessantes. Não foi o que aconteceu com aquele jovem domingueiro casal em Maringá, que embebedado pelos hormônios em ebulição, resolveu liberar a dosagem excessiva da libido praticando atos mais comuns aos “altinhos”. Ocorre que um estacionamento não parece ser exatamente o local apropriado para certos folguedos, uma vez que por ali transitam famílias inteiras com seus “baixinhos” curiosos como sempre. Não estavam cobertos (longe do alcance das vistas) nem abrigados (protegidos do fogo inimigo), representados respectivamente pelos olhares de incredulidade dos transeuntes e das lentes cada vez mais poderosas dos ultramodernos smartphones. Resultado: as fotos e os vídeos inundaram as redes sociais, fazendo a alegria daqueles que gostam de ver o circo (dos outros) pegar fogo.
O acontecimento rendeu as mais diferentes opiniões, mostrando que o cidadão brasileiro carrega consigo valores distintos, principalmente quando o assunto, por sua própria natureza, tem o poder de causar sentimentos antagônicos e reacionários. Quanto ao ato em si, cada qual tem o poder discricionário de fazer o que bem entender, sem ter que dar satisfações a ninguém referente à sua privacidade. Sexo há muito deixou de ser tabu, ainda mais para a juventude atual que tem muito mais condições de lidar com o tema do que as gerações passadas, reprimidas com preconceitos de toda ordem. O problema está na maneira como os dois jovens “descolados” encontraram para satisfazer seus instintos mais primitivos, presentes absolutamente em todos os animais. Os estabelecimentos comerciais destinados a esse tipo de particularidade estão distribuídos por todo o município, portanto, alternativas viáveis não faltaram aos folgados “cabeças-de-vento”, que se contentaram com o anteparo da lataria de um veículo para cadenciar a lascívia de seus criativos movimentos.
Fica evidente que faltou aos agora notórios insolentes e despudorados, além de um mínimo de bom senso, referências do seio familiar. O total desrespeito às regras de convivência em sociedade mostra traços de carência afetiva, que interferiram na lapidação do caráter e consequentemente na formação moral de ambos. Muito embora os dois pombinhos tenham plena consciência do caráter ilícito da cópula a céu aberto, essa condição não foi suficiente para desestimular a prática que, em público, se mostra por demais abusiva. Intimidades desse nível devem necessariamente ser viabilizadas em ambiente reservado, preferencialmente entre quatro paredes, onde os devaneios carnais são vivenciados em segurança, com seus praticantes devidamente cobertos e abrigados. Aliás, tudo isso seria evitado se o respeito, mesmo que em dose mínima, acompanhasse a dupla. Mesmo sendo um caso pontual, o fato serve como um alerta aos mais destrambelhados da vida. Portanto, muito cuidado com as travessuras que se apronta por aí, porque sempre tem alguém apontando a câmera para seu lado. Parafraseando a saudosa e irreverente apresentadora Hebe Camargo, sobre a conduta dos extasiados maringaenses: “Bonitinhos”...