Folhas dos cafezais suspensas no ar
Um dia eu olhei para o céu (que fazia parte do meu dia, como fazia parte a terra) e eu vi as folhas dos cafezais suspensas no ar (que era puro como a água cristalina).
Por momentos em redemoinhos (como que misturando o tempo e a vida), as folhas eram levadas pelo vento (que se move adiante sem olhar para trás).
Era o vento do inverno rigoroso (das geadas feito cristais).
Do sol encantador (encobertando de ouro todas as cores da natureza).
Das noites estreladas (as estrelas ao alcance das nossas mãos).
Da chapa do fogo à lenha (aquecíamos o corpo, a comida e a alma).
O colchão de palha do milho (cujas espigas eram cozidas e comidas sob a sombra da cerejeira).
A noite que naquele tempo era muito escura (trazia os assombros da imaginação).
O dia seguinte era esperado com emoção (nunca era igual, mesmo sendo apenas outro dia).
Havia uma magia naqueles tempos.
As pessoas se visitavam e as novidades eram contadas pessoalmente.
Os olhos que ouviam brilhavam, as vozes que falavam embargavam.
Os abraços eram acompanhados de lágrimas.
À mesa sentavam somente as pessoas pois não havia a televisão.
E a reza que era para agradecer a comida se tornava uma benção para viver cada dia.
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A oração das seis horas da tarde no rádio era aguardada com ansiedade e o respeito que merecem as palavras do nosso Criador.
E se conversava sentado nas varandas, em frente as ruas onde circulavam as pessoas que se cumprimentavam educadamente.
É ...esse tempo passou.
Mas ainda é gostoso saber que vivemos naqueles tempos em que a sola dos chinelos nunca ficavam virados para cima.
Do Autor:
- E se orássemos novamente?
- E se nossos brilhassem novamente?
- E se tirássemos este medo de viver as emoções?
- E se esperássemos o amanhã como uma benção de Deus?