A mente- Casa da maldade.
Este texto tem base no que ocorreu no MAM ( Museu de Arte Moderna -SP) por estes dias, onde a mente de uma sociedade cansada de ver maldades, distorceu uma manifestação de arte, jogando-a às serpentes. Pode ter sido uma manifestação artística de mau gosto, até acho que foi, mas entendo que exageraram muito.
Hoje tenho medo até de fazer um agrado a qualquer criança, de tocá-la então, nem pensar. Mesmo que acompanhado da minha esposa, me limito a dizer ; " Ôi ,tudo bem ?" Nada de passar a mão na cabeça ou no queixo, e muito menos dizer: " Que menina bonita !" Chego ao ponto de apertar a mão dos pais e da criancinha também, como se fosse outro adulto. A que ponto chegamos !
Me lembro que há muitos anos Patrícia , na época com nove anos, veio em casa com a sua mãe , que é amiga da minha mulher, e a menina não tirava os olhos do meu violão, e pela curiosidade , lhe sorri perguntando: Você sabe tocar ?
- Não !
- Quer aprender ?
- Sim !
Para não atrapalhar a conversa das mulheres, levei a criança a outra saleta e lhe disse: Patrícia segure o violão assim, sem medo, com firmeza, certo ? Posicionei seus dedos no braço em posição de Lá maior ( A), que é o acorde mais simples que tem, e lhe ensinei como descer os dedos da mão direita sobre as cordas na batida, depois um outro acorde para criar a harmonia em alternância.
- Agora para cima e para baixo, com firmeza, sem medo, que é para o som sair bonito.
E assim foi, por uma meia hora...Depois toquei uma canção da Rita Lee: " Ovelha negra", para incentivá-la a prosseguir no aprendizado.
O tempo passou, seus pais se separaram e ela foi para o sul, mas por estes tempos ela nos visitou , já com seus vinte e sete anos , e fizemos um café muito animado em casa, ela é muito simpática. Em certo momento ela me disse: " Toco violão até hoje, o senhor me incentivou , me deu gosto pelo instrumento e nunca mais larguei ". Meus olhos brilharam, isso me deixou muito feliz de verdade ! Havia plantado uma sementinha naquele coração...e brotara !
O mundo está se modificando para pior, o certo e o errado se confundem a todo o momento, e o medo inibe o melhor lado, o da criatividade.