A DOR DA RESPIRAÇÃO
Quando nascemos, o simples fato de respirar pela primeira vez causa-nos imensa dor, a ponto de fazer-nos chorar.
Com o tempo isto se torna tão comum que não percebemos nossa respiração e vivemos por longos anos sem a dor do respirar.
A cada dia que amanhece, novos desafios vão sendo lançados em nossas vidas. Alguns construtivos, agradáveis e cheios de muitas alegrias, que nos deixam bastante satisfeitos.
Em contrapartida, passamos por situações imensamente desagradáveis e tristes, que chegamos a pensar ser o nosso fim.
A morte, por exemplo, é uma situação tão comum e corriqueira, a qual presenciamos todos os dias, a todo o momento e em qualquer lugar.
Quando esta vem a nós por intermédio de algum ente querido, isto nos deixa extremamente frustrados, e assim ficamos por um bom tempo.
Às vezes, pensamos que também morremos com aqueles que nos deixaram, pois a dor da separação é tão grande, quanto a dor da primeira respiração.
Por isso choramos esta perda tão repentina.
O que muitas vezes esquecemos é que respirar e morrer são atos tão naturais e corriqueiros, que acontecem na vida de todo ser vivo, sem nenhuma distinção.
Ao nascermos, respiramos a dor da troca de ambiente, que até então nos era desconhecida, mas que, apesar de tudo, teremos que aceitar de bom grado e procurar fazer de tudo que nos for possível para melhorar, pois, de uma ou outra forma, é nesse mesmo ambiente que iremos viver por muito tempo.
Respirar ou morrer é tão natural quanto deitar e dormir.
Para isto precisamos viver sabiamente todos os momentos de nossas vidas, para que ao deitar-nos possamos obter um sono tranqüilo e aqueles que acaso venham nos ver descansando não sintam tanta dor estampada em nossas faces, que, ao contrário, estarão repousando alegremente após termos passado pela dor da primeira respiração.
Nova Serrana (MG), 28 de maio de 2006.