A nossa pobreza moral é tão cruenta que nós parecemos viver nus numa cultura de vidro.

Linhas de decisão psíquica atravessam a política.

A metamorfose do combate à corrupção corresponde a uma metamorfose dos próprios destinos políticos.

Ela torna-se visível quando comparamos o antes e o depois dos escândalos tão vistos em uma imprensa persistente mas mesmo assim nem sempre imparcial.

Cada qual defendendo o seu futuro, mas uma opinião tendenciosa torna o réu carrasco de si mesmo e o tempo o devora.

Na democracia alguns tendem ao centro, à esquerda e outros à direita.

Todos nós aparecemos hoje como personagens coadjuvantes da história do Brasil.

É nela que está registrada para sempre a contravenção, o descaminho, o flerte, o roubo, a entrega dos nossos tesouros aos estrangeiros e a tolerância aos desmandos praticados.

Um povo insensível e indiferente que não soube mostrar aos seus governantes corruptos e as suas instituições falidas, um níquel de civismo sequer pela Pátria amada chamada Brasil.

O eleitor está mortalmente exausto ao fim da sua peregrinação.

Nós estamos tendo o que é pior, uma convulsão espiritual, percorrendo uma via crucis na qual cada delação e cada resposta a ela é um termo a mais da nossa aniquilação moral.

A nossa pobreza moral é tão cruenta que nós parecemos viver nus numa cultura de vidro.

Robertson
Enviado por Robertson em 03/10/2017
Reeditado em 03/10/2017
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