A nossa pobreza moral é tão cruenta que nós parecemos viver nus numa cultura de vidro.
Linhas de decisão psíquica atravessam a política.
A metamorfose do combate à corrupção corresponde a uma metamorfose dos próprios destinos políticos.
Ela torna-se visível quando comparamos o antes e o depois dos escândalos tão vistos em uma imprensa persistente mas mesmo assim nem sempre imparcial.
Cada qual defendendo o seu futuro, mas uma opinião tendenciosa torna o réu carrasco de si mesmo e o tempo o devora.
Na democracia alguns tendem ao centro, à esquerda e outros à direita.
Todos nós aparecemos hoje como personagens coadjuvantes da história do Brasil.
É nela que está registrada para sempre a contravenção, o descaminho, o flerte, o roubo, a entrega dos nossos tesouros aos estrangeiros e a tolerância aos desmandos praticados.
Um povo insensível e indiferente que não soube mostrar aos seus governantes corruptos e as suas instituições falidas, um níquel de civismo sequer pela Pátria amada chamada Brasil.
O eleitor está mortalmente exausto ao fim da sua peregrinação.
Nós estamos tendo o que é pior, uma convulsão espiritual, percorrendo uma via crucis na qual cada delação e cada resposta a ela é um termo a mais da nossa aniquilação moral.
A nossa pobreza moral é tão cruenta que nós parecemos viver nus numa cultura de vidro.