A minha vocação literária

Nunca passou pela minha cabeça em me tornar um homem de letras. Muito jovem me deparei com os livros e começei a sentir que se eu praticasse a escrita eu iria escrever alguma coisa. Bem antes da viola eu já tinha escrito sonetos e lido os bons autores sobretudo os brasileiros. Meu ponto de partida foi a seleta clássica de Carlos de Laet porque neste livro havia textos em prosa e versos. Os sonetos de Camões me inspiraram muito como também os contos de Marques Rebelo da Silva. Muitas vezes eu confundia texto em prosa com textos em verso. Depois eu passei a entender que prosa não tinha nada a ver com verso. Lendo e relendo os bons escritores pude compreender que eu também poderia escrever algo semelhante. O ambiente em que me fiz artista era quase que apagado literariamente, com exceção da tia Marica que pelo menos lia. Nunca tive um incentivo de ninguém para escrever isto ou aquilo. O incentivo maior partiu de mim mesmo e da minha força de vontade. Na minha família paterna, não conheci ninguém com vocação literária ou outro qualquer vínculo com as artes. Se há alguma coisa de hereditário em mim, deve com certeza vir da minha estirpe materna, do sangue dos Oliveira. Os meus tios maternos eram quase todos poetas e faziam versos geniais. Minha vocação literária, brotou como uma planta lá no deserto que dá bons frutos sem ninguem precisar de aguá-la. Na viola meu único incentivo foi ouvir os grandes cantadores e conversar algumas vezes com eles. No meio em que fui criado a arte era pouco admirada e muito menos falada. O gosto pela leitura não posso negar que brotou do incentivo da tia Marica que mesmo sem ser artista tinha amor pelos livros. Nenhum professor, nem professora alguma me incentivou a ler muito menos escrever, porque eles não sabem o que é realmente a arte. Ler é uma coisa e escrever é outra coisa bem diferente do que realmente a gente pensa. Escrever um bilhete, uma carta, uma aviso qualquer não é escrever m texto literário, um texto que mostre talento artísitico e conhecimento da limguagem literária. Eu sempre sonhei em escrever algo importante, tanto é que me bati pela leitura pelo conhecimento literário lendo os grandes escritores do Brasil e do mundo. Os nossos jovens não terão nunca o conhecimento artísitico que consegui durante cinquenta anos de leitura. Ninguém será famoso se não praticar como eu e muitos outros artistas a arte da palavra. O autor de Quincas Borba não nasceu grande foi lendo e escrevendo que se tornou o maior escritor brasileiro.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 03/10/2017
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