Hidra lógica?
Mal, não moro. E não é em Pinhais, Moro. Ainda não tenho cacife para pleitear aquele spa tão exclusivo. Mas da Papuda, Deus me acuda! Minha morada, em bairro de classe média, é decente, porém alugada, pois que comprar não há quem agüente...Contudo, e contado, nada é permanente, a não ser a eternidade que tá ao alcance da gente que lá pode chegar pelas virtudes, pelas preces ou pelo dízimo pago em dia.
O bairro é bom para uma capital como Belorzonte. Central, quase todos os serviços e comércio ao alcance. E carinho. Mas um barato, ao mesmo instantinho. É chamado de Funcionários e parece bem espalhado e agora, mais empinado. E meu prédio - ah, que presunção...! - condivide fundos com o espaço do Palácio da Liberdade. Essa majestosa construção, um dos mais expressivos prédios da cidade, já se tornou obsoleta e inadequada, tanto para a residência quanto para os despachos de um governador. E as funções governamentais aparentemente limitam-se a uns despachos episódicos ou a solenidades ainda menos frequentes.
O residual no referido espaço aparenta serem funções de segurança. Olhando para a cerca que nos separa, muro elevado por sinal, tranquilizo-me. Nem de cá para lá nem de lá para cá pode haver transumância.
O que me chama a atenção todavia, é o pátio dos fundos palacianos que, independentemente da atuação morolizadora de Moro, e quiçá até bem anterior a ela, converteu-se numa lava-jato matinal. A mangueira esguicha com a imponência de dar inveja a uma Fontana di Trevi, ou ao Manequinho de Bruxelas.
Suponho que a frota beneficiada seja a oficial, já que o jorro da mangueira é federal. Mas mesmo sem compartilhar a visão de que a água do planeta esteja por um pingo - afinal pelo que sabemos através das Escrituras, a água que cobriu toda a Terra só baixou pra valer e pra se ver depois do dilúvio universal - a água servida nas cidades é tratada e, embora doce, no preço é bem salgada. E é o contribuinte que acaba arcando com seu custo.
Ups, conversei esse tempo todo, vamos fazer uma pausazinha pra eu desligar meu Lorenzetti..., ou então jogo a toalha em quem se mete?