Amamentação
Não sei se existe cena mais poética e linda que uma mulher amamentando. Quantos ensinamentos num simples ato de amamentar. Creio que é daí que nos vem o prazer das horas de refeições.
Eu estava sentado em uma praça qualquer, quando me dei conta disso tudo. Estava lendo a agradável aventura de "Ben-Hur" de Lewis Wallace. Parei para respirar e levantei a cabeça, e foi aí que percebi a beleza e o ensinamento que tem neste simples ato. Veio uma mulher jovem, com um bebê no colo — as evidências me levaram a crer que era seu filho. Sentou-se em minha frente — no outro banco —, colocou os seios à mostra para o bebê que começava a chorar. Ela, de forma afetuosa conversava com a criança, a mesma respondia com um sorriso. Que cena linda. Foi uma aula a céu aberto, em praça pública — literalmente. A mulher perguntava para a criança se estava gostoso, se estava confortável, pedia um sorriso para a mamãe. E a criança dava sua resposta sorrindo.
Fiquei pensando como a sociedade seria diferente se, assim como aquela mãe, percebêssemos a necessidade do outro. Não importa se ela como mãe tivesse a obrigação de amamentá-lo, mas sim o amor com que ela fazia. Havia tanta alegria em servir como fonte de alimento, como agradecimento daquele que estava sendo servido. Aliás, para o bebê, bastaria a mãe se ausentar de seus olhos, que seria como se ela não existisse. E por isso, que saltava aos olhos a incondicionalidade daquele ato. Pouco importava para aquela mulher se o bebê esqueceria depois, se ele apenas a usava como fonte de alimento, o que importava mesmo era que ela servia a ele, e ele se alimentava disso. O bem que se faz não há preço. O prazer das horas das refeições é culpa boa das mães.