O voto.

Nunca votei por não ter título de eleitor, pois sou de fora conforme diz a lei, mesmo tendo chegado aqui aos oito anos, pelas mãos dos meus pais e pela vontade deles. Acho curioso, pois já deveria ter a cidadania há muito tempo, pois sou casado com uma brasileira e com ela tive três filhos, aqui estudei, trabalhei, me aposentei e vivi toda a minha vida, pagando os meus impostos e participando de tudo, mas a verdade que o Brasil não concede cidadanias a estrangeiros.

Quando era jovem os colegas de trabalho me diziam para me naturalizar, mas nunca sucumbi a isso, nem sequer fiquei tentado a tomar a decisão, pois acredito que continuaria a me sentir espanhol, já que somos parte viva do solo em que nascemos, temos a sua composição orgânica, além que em quase nada alteraria a minha vida, já que tenho o visto de permanente.

Gostaria de votar, de ir até a urna e dizer a minha escolha, ou até mesmo anular o voto, tanto faz, dependendo dos candidatos do momento.

Também sou à favor do voto facultativo, as pessoas tem o direito a dizer "não quero votar", ou "isso não me interessa". Algumas religiões não votam, anulam sempre os votos, como no caso das Testemunhas de Jeová, e isso merece todo o nosso respeito, é uma questão de princípios e não de alienação.

Hoje, li aqui no Recanto alguém que disse que o voto deveria ser obrigatório, pois as pessoas de bem deveriam votar. Quis comentar mas não estava liberado a comentários, o que é uma pena.

As pessoas de bem votam ou não, tanto faz, isso não classifica o caráter de ninguém, o arbítrio está acima de tudo, afinal estamos em uma democracia.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 02/10/2017
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