O pneu rolava ladeira abaixo com o menino enrodilhado no seu interior. Prova de habilidade, gesto corajoso! Ao término roda para um lado e o garoto para o outro. Joelhos escalavrados eram mostrados com orgulho. No topo da descida, a fila de gente miúda esperando a sua vez. Meninas só algumas. Onde já se viu deixar boneca de lado? Só participavam devido ao consentimento generoso do líder da turma.
Aquela era a brincadeira de sábado, juntamente com o “pegador”. Tempo livre o dia inteiro. A época era meados de 1950 e o evento acontecia na região da Savassi.
Nos pés os tamancos comprados no armazém da esquina. Sapatos só os do colégio os mesmos usados para ir à matinê do cine Brasil.
O “pegador” era sempre o predileto com ares de mistério. O par romântico escondia juntos. Quem era descoberto por último, ganhava a liderança. O complemento do “pegador” era o “passa-anel”, que só acontecia em dia de chuva.
Adquiria grande importância na turma quem conseguisse soltar o pião com o dedo grande do pé. Subia ainda mais na “hierarquia”, quando a pipa era empinada por alguém deitado no chão.
O mundo era da simplicidade. Dia das crianças não existia, para quê? As brincadeiras existiam soltas e livres. Outra coisa: lia-se Monteiro Lobato. Quem precisava de terapia?
Havia várias aprendizagens: fazer cinco Marias com feijões surrupiados da cozinha. Descer a Avenida Cristovão Colombo no estribo do bonde, escondido do motorneiro, equilibrar no carrinho de rolimã em alta velocidade e suprema prova de audácia: enfrentar os rodamoinhos do mês de agosto, sabendo que o “capeta” estava lá dentro. Rsrsrsrs.
Caixinhas de fósforo viravam trenzinhos, cascas de mandioca recortadas enfeitavam os dentes, folhas da planta fícus viravam apitos. Era o mundo do faz-de-conta. A liderança era disputada pelo desenvolvimento criativo e pela capacidade de planejamento de fazer os próprios brinquedos.
Foi do meio dessa meninada que saíram muitos dos economistas e intelectuais que fazem o Brasil de hoje.
No mundo de hoje os pais deveriam criar o dia da “criança livre”. Livre das aulas de Inglês, dos jogos, dos aplicativos e do permanecer sozinhas horas e horas perante o computador ou o celular.
Que se crie um espaço para o pula-corda, a dança da carranquinha, a amarelinha riscada no chão. Correr descalço na chuva, “tascar” bolinha de gude, ganhar figurinha no tapão, andar de patinete.
Estimulando assim a inteligência, a sociabilidade e o trabalhar em equipe fundamental para uma vida de sucesso.
Aquela era a brincadeira de sábado, juntamente com o “pegador”. Tempo livre o dia inteiro. A época era meados de 1950 e o evento acontecia na região da Savassi.
Nos pés os tamancos comprados no armazém da esquina. Sapatos só os do colégio os mesmos usados para ir à matinê do cine Brasil.
O “pegador” era sempre o predileto com ares de mistério. O par romântico escondia juntos. Quem era descoberto por último, ganhava a liderança. O complemento do “pegador” era o “passa-anel”, que só acontecia em dia de chuva.
Adquiria grande importância na turma quem conseguisse soltar o pião com o dedo grande do pé. Subia ainda mais na “hierarquia”, quando a pipa era empinada por alguém deitado no chão.
O mundo era da simplicidade. Dia das crianças não existia, para quê? As brincadeiras existiam soltas e livres. Outra coisa: lia-se Monteiro Lobato. Quem precisava de terapia?
Havia várias aprendizagens: fazer cinco Marias com feijões surrupiados da cozinha. Descer a Avenida Cristovão Colombo no estribo do bonde, escondido do motorneiro, equilibrar no carrinho de rolimã em alta velocidade e suprema prova de audácia: enfrentar os rodamoinhos do mês de agosto, sabendo que o “capeta” estava lá dentro. Rsrsrsrs.
Caixinhas de fósforo viravam trenzinhos, cascas de mandioca recortadas enfeitavam os dentes, folhas da planta fícus viravam apitos. Era o mundo do faz-de-conta. A liderança era disputada pelo desenvolvimento criativo e pela capacidade de planejamento de fazer os próprios brinquedos.
Foi do meio dessa meninada que saíram muitos dos economistas e intelectuais que fazem o Brasil de hoje.
No mundo de hoje os pais deveriam criar o dia da “criança livre”. Livre das aulas de Inglês, dos jogos, dos aplicativos e do permanecer sozinhas horas e horas perante o computador ou o celular.
Que se crie um espaço para o pula-corda, a dança da carranquinha, a amarelinha riscada no chão. Correr descalço na chuva, “tascar” bolinha de gude, ganhar figurinha no tapão, andar de patinete.
Estimulando assim a inteligência, a sociabilidade e o trabalhar em equipe fundamental para uma vida de sucesso.