Sonho ou pesadelo?
Alguma coisa não estava se ajustando bem comigo, algo me incomodava, talvez premeditando que não teria um sono profundo, naquela noite de 15 de agosto deste ano.
Após tomar o comprimido rotineiro, recolhi-me sob o pesado cobertor, haja vista que o termômetro apontava 13 graus nesta cidade serrana.
Recordo-me que ainda não havia dormido e o relógio marcava 24horas e continuei angustiado, até que peguei no sono.
Presumivelmente por volta das quatro horas vivenciei um sonho, mais parecendo um pesadelo, o qual jamais imaginava, vindo confirmar o motivo do mal estar anterior. Ocorreu assim:
- Encontrei-me, de repente, no centro de uma cidade grande, até então desconhecida, ( não conheço Brasília), onde fui abordado por um amigo, atualmente residindo lá :
- Olá, Demarcy. Que surpresa. O que faz em Brasília?
Oi! Kiko. Em Brasília? Eu não sei por que vim parar aqui!
- Não se intimide, vou levá-lo para conhecer o Senado.
- No Senado, não. Prefiro visitar o Estádio Mané Garrincha!
Como num passe de mágica, o amigo desapareceu e eu encontrava-me num grande salão, meio esverdeado, onde havia um cidadão sentado a uma mesa executiva, porém de costas. Virando-se ao pressentir a minha presença, indagou-me em tom arrogante:
- Quem é o senhor? Eu não lhe conheço! O que deseja de mim?
Então, perplexo, reconhecendo-o, respondi, de maneira categórica:
- O senhor pode não me conhecer, mas eu o estou reconhecendo, muito bem. O seu nome é Renan Calheiros e não usufrui boa reputação no âmbito da opinião pública nacional, principalmente na minha.
De modo histérico, mandou –me que saísse de seu gabinete, gritando:
- Retire-se seu desaforado e mentiroso.
Calmamente, com a consciência tranqüila, lhe respondi:
- Não vou me retirar, sem antes lhe dizer algo engasgado em minha garganta: Senhor Calheiros, eu não sou um cidadão separado da mulher, mas se o fosse, teria a hombridade de pagar, eu próprio, a pensão de meus filhos. Eu também seria responsável suficientemente para assumir os meus negócios, sem a assinatura de outrem, uma vez que os faço de forma lícita. Finalmente, senhor Calheiros, eu jamais utilizaria a minha privilegiada posição de líder, se o fosse, para tirar proveito em causa própria porque a minha integridade não permite. O senhor não se sente envergonhado de participar de um conluio e, em conseqüência, estar respondendo a três processos no Conselho de Ética do Senado?
Demonstrando estar tomado de grande ira e com a face avermelhada, chamou e gritou:
- Segurança! Cadê a segurança?
-Aí! Graças a Deus acordei, admirado e assustado. Esperei recompor-me emocionalmente para, aliviado, concluir ter sido apenas um sonho, ou, quem sabe! Um pesadelo. Deixo para os meus competentes e atenciosos leitores, a decisão de opinarem.
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