A velhice, o Papa e a mesmice


 
Lá se vão algumas primaveras de minha vida, e fazendo um rápido balanço de tudo posso afirmar que a morte não me assusta, pelo menos enquanto ela não for iminente,mas a velhice, esta sim, me dói pensar e me imaginar uma anciã, sei lá, talvez me falte a tão falada e propalada maturidade para encarar os vincos da idade. Sei que tudo tem seu tempo e talvez eu nem chegue a tal idade (90 anos),mas se chegar quero que seja bem, aliás quem não quer,mas não consigo em imaginar lidando com este fator,a velhice em mim, minha mobilidade mais lenta ou quase inexistente,algumas descompensações orgânicas próprias da idade, além do fator cognitivo, este é crucial, quando apresenta déficit na sua integridade. Leio e releio vários artigos sobre o tema,pois o mesmo me atrai,seja por receio, ou simples curiosidade advinda da incógnita futura.

Quando tive que acompanhar minha mãe em alguns procedimentos médicos para cirurgia de catarata, tive contato com uma senhora de 78 anos, que foi fazer os mesmos procedimentos (dilatação de pupila e exames de sangue),esta se encontrava alegre e conversando com todos na recepção,e quando indaguei se tinha alguém a acompanhando,ela com um farto sorriso, que demonstra aceitação da vida e de seus poréns,disse calmamente, que não, pois os filhos trabalhavam e não poderiam sair para acompanhá-la e ela sozinha iria resolver os trâmites exigidos para cirurgia. E assim o fez, foi atendida, fizeram a dilatação das vistas,e ela depois de um breve descanso, sentada na recepção,se dirigiu á saída e tomou seu rumo, sozinha, independente e dona de si. Sinto muita inveja destas pessoas,e creia se puder chegar a tal idade que seja assim.
Com tantos avanços da medicina e solavancos da economia,ora estável, ora em descrédito, qual chances teremos de ter um futuro mais proveitoso, numa sociedade pilhada e execrada a cada dia, e com tendências “N” de sucumbir a qualquer hora, pode parecer dantesco,mas assim vejo nossa condição atual,o que ganhamos com tecnologia e orientações médicas e sanitárias,melhorando a perspectiva de vida, aqui,pelo menos, abaixo da linha do Equador, não vislumbro bons tempos aos futuros anciões, quem sabe, o tempo dirá, se assim chegar.

O Papa Francisco, pessoa de extremo carisma e com aquele dom de apaziguar e sempre jogando água benta nas bestialidades humanas, foi bem esperançoso em seu pronunciamento na Rádio Vaticano – “Não estamos sozinhos na luta contra o desespero.(...) E se Deus está conosco, ninguém nos roubará aquela virtude de que temos necessidade para viver. Ninguém nos roubará a esperança”. Creio que sua Santidade está certo, ainda mais quando temos fé,mas cá pra nós aqui nesta nação varonil, estamos tão aparvalhados com tantos escândalos e bandalheira, que nem sei, mas por vezes, vejo nas calorosas discussões e bate-bocas, que até a esperança já foi roubada. Não nos resta muito a fazer, o que configura como um conformismo,mas haja vista, o andar da carruagem, ficamos à deriva,e ,é um salve-se quem puder.

Todos os dias os noticiários são os mesmos,buscas e apreensões aqui e ali, depoimento deste ou daquele envolvido,e tem casos, que os depoimentos são idênticos, só trocar os nomes dá na mesma.O que antes era para nós algo inusitado e chocante,agora virou uma mesmice sem fim; até as defesas dos acusados se atropelam em discursos iguais e sem conteúdo, tornando assim, mais do mesmo. Vida que segue ,e neste vai e vem na briga entre os três poderes,ficamos nós a mercê de tão nefasto momento, que a história faça justiça ao que de fato aconteceu.

Aqui encerrando e não deixando a peteca cair, prefiro ficar naquela citação de Mahatma Ghandi, “Você nunca sabe que resultados virão da sua ação,mas se não fizer nada, não existirão resultados.”


 
 
 
 
 

 
Lia Fátima
Enviado por Lia Fátima em 28/09/2017
Reeditado em 26/09/2018
Código do texto: T6127217
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