Protestar pra que?
O piche derrete nos sulcos dos pneus onde os carros passam. A lama asfáltica barata tapa buracos nas vias de acesso e evaporam. isso ao sol escaldante da tarde . O ruído dos motores enjoam os transeuntes .Os cones demarcam a reforma do asfalto sísifo em que muitos atropelados nos acidentes de motos, ficam mutilados e se aninham nos hospitais esperando a amputação.
Enquanto os carros passam ao lado em ritmos alucinantes. Ninguém liga ao morador de rua, ele faz parte da rua. O mormaço quente da tarde dificulta o trabalho daqueles que comem o pão da fumaça entre as lonas que fritam em cada freada busca no sinaleiro. O transito se complica enquanto os motoqueiros na hora do aperto pedem espaço sem ter. Nas fileiras sorrateiras do asfalto cada um é dono do seu espaço e não abrem vagas.
É o burburinho da selva de pedra onde o que conta é a vantagem de levar vantagem dos momentos sem pensar no outro a não ser na sua fobia de chegar a lugar nenhum. Não adianta gritar, protestar ou fazer greve. A continuidade do ego centrifugo exige correria e uma eterna insatisfação.. Não há governo que de jeito porque depende de cada um a consciência do todo.
Querer tratar e ser tratado sem desdém não acontece jamais. A pequena neblina Suaviza a rua com suor empapado na camisa nas lotações do metro no começo da noite. Apesar dos gritos dos mutilados nos acidentes ao som da sirene da ambulâcia pedindo passagem nas marginais . E dizem que esse mundo tem jeito. Enquanto isso as gravatas de seda do colarinho branco da turma de Brasília fingem se incomodar e se praparam para o horário politico. Então, protestar para que?
Pedro Luiz Almeida