Obrigado, bode?

Quando eu era mais novo, eu morava num colégio interno masculino, que quando o filho era um capeta (e os pais tinham condições de pagar um salário mínimo para deixar os filhos na mão de outro educador) tinha um sítio que nós íamos obrigatoriamente todos finais de semana, (Era assustador, parecia cenário de filme de terror, árvores mortas, banheiros inóspitos, imundos, colchões finos como papel sulfite e dormíamos praticamente sobre a madeira, banhos gelados, comida de péssima qualidade, fria) pederastias praticadas pela maioria das crianças e adolescentes (Deus me livre ser processado por homofobia, nada contra!) e então eu fazia parte daquele 1%. que tirava as melhores notas, queria o mais rápido sair daquele rapto de juventude e infância, e aos finais de semana saíamos do sítio, escondidos dos monitores da escola, e íamos roubar cana no sítio vizinho, que era muito lindo por sinal, até cachoeira tinha!. Até aí tudo bem, tava tudo dando certo naquele dia, chegamos ao canavial e começamos a serrar as canas com uma faca roubada da cozinha da escola e começamos à coleta, depois iríamos pro "buraco das cobras", cunhado porque rezava a lenda que tinha muita cobra, mas também pode ser uma interna de quem curtia "socar bosta" (gírias que os caras usavam), ou sei lá. Nunca vi nenhuma cobra nesse tal "buraco das cobras". Bom, voltando ao canavial, tinha a porra de um bode amarrado com uma corda numa cana. Ele tinha barba, como um cavanhaque, e olhos penetrantes e verdes, que parecia ler nossa alma. Até que o desgraçado deu um berro, que não era a famosa onomatopéia "MÉÉÉÉÉ", foi algo gutural, sinistro.

Desde então nunca mais voltamos a roubar cana do vizinho.

Ainda mais quando disseram que o vizinho era um velho louco que tinha uma espingarda, e não sentia nenhum remorso se visse um intruso em sua propriedade.

Danilo Augusto Correia
Enviado por Danilo Augusto Correia em 27/09/2017
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