QUIMERAS MIL
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
O ser humano é uma quimera? Que novidade, que monstro, que caos, que objeto de contradição, que prodígio! Medida de todas as coisas, cloaca de incerteza e do erro, glória e miséria! Quem decifrará esse enigma, esse paradoxo ambulante?
Esse questionamento vem a propósito da atual crise brasileira. Quem mediará tantas radicalizações, tantas desculpas esfarrapadas em meio
a tanta roubalheira? O Brasil se transformou num acervo de incertezas. Quem botará ordem e progresso na casa?
Nosso narcisismo não vale coisa alguma. Jamais seremos como Deus. Ai dos corruptos que causam a dor dos menos favorecidos! Devemos, pois, amadurecer no espírito. “Il faut cultiver notre jardin”: É preciso cultivar nosso jardim, afirma Voltaire. Tendo cuidado com o joio e com o agrotóxico. O bem que eu quero eu não faço. O mal que não quero eu faço, confessa S. Paulo. Reincidente no erro, faço e faço e faço, refaço. Nesse aprendizado, tenho que ler, reler, tresler, até aprender. Difícil interromper um vício, fazer por emagrecer. O jagunço Riobaldo admite que “não queria o que de certo queria”.
Em acessos de medo ou de ira o corpo esfria, o sangue ferve nas veias. Emagrece de tristeza e rejuvenesce de júbilo. O rosto fica corado de vergonha. Problemas imaginários nós os tornamos mais reais que a realidade. Ânsia antes de uma prova. Estresse, depressão, diminuição de função fisiológica, desânimo, sensação de cansaço, abatimento visível, conversão somática, desesperança.
Segundo a lenda, basilisco era um réptil fantástico, de oito pernas, segundo alguns em forma de serpente, capaz de matar pelo bafo, pelo contato ou apenas pela vista e, segundo outros, em forma de serpente com um só olho na fronte. Olhar venenoso, a única maneira de eliminá-lo seria colocar um espelho à frente dele que, ao refletir o seu olhar, acabava por matar esse ser fabuloso. Apesar de Narciso, é “feio o que não é espelho“, e apesar do espelho, viver é gratificante.