FRAGILIDADE AMOROSA.

Amor. Um sentimento forte, poderoso, gigantesco; assim nasce o amor. O grande desafio é mantê-lo bem alimentado para que cresça ainda mais, para que dure a perder de vista de forma plena e saudável. Tarefa nada fácil, principalmente, nos dias atuais.

Parece que o amor se modernizou e, hoje, também, tem pressa. Pressa para nascer, crescer e morrer. Não há mais tempo para deixar que ele aconteça naturalmente, devagar e sempre. Não há tempo para a conquista, para as descobertas, não há tempo para que o amor se acomode e preencha por completo os corações. O amor tem que ser pra já e vamos em frente, seja como for.

É interessante como um sentimento ora, imortal, pode de repente se sentir ameaçado, trincado, intimidado e enfraquecido. Basta um pequeno deslize do ser amado para que o amor se ressinta e comece apresentar rachaduras em sua sólida estrutura. E todo o sentimento até então, imortal, poderoso, infinito abre as portas para a mágoa, a dor, o sofrimento.

Por que será que há tanta dor no rompimento? Será que projetamos exageradamente, nosso sonho de felicidade no outro? É claro, a vida a dois pode ser bastante prazerosa enquanto a relação navega por águas mornas e tranquilas. Porém, nem todos têm a sorte de um amor tranquilo mas, mesmo assim insistem em manter o relacionamento. Por que encontrar a “Cara Metade”, é tão importante para a maioria de nós?

Na Mitologia Grega, reza a lenda de que havia criaturas denominadas “Andróginos”. Eram seres completos. Compostos de oito membros e os dois sexos. Eram inteiros e multiplicavam-se sem ajuda de mais ninguém. Contudo, carregavam consigo grande arrogância. Zeus, (Deus todo poderoso) certa vez, sentindo-se ameaçado por essas criaturas, resolveu castigá-las. Partiu ao meio tais criaturas para que aprendessem obediência e humildade. As criaturas sentindo-se incompletas, veem-se perdidas e desnorteadas e começam a procurar por suas metades. Nasce, aí, então, a lenda da “Cara Metade”, o nosso complemento, aquilo que nos falta.

Eu prefiro acreditar que somos seres completos. Maçãs e laranjas nascem inteiras. Encontrar o ser amado para compartilhar com ele planos futuros, sem dúvida, nos dá mais alegria e prazer na vida. Porém, o amor a si próprio, deve sempre existir antes de tudo. O amor a dois não é garantia de eternidade. Ame-se antes de tudo. Pode ser que algum dia, você venha descobrir que sua “cara metade” veio trocada, não houve encaixe e, mesmo assim, você permaneceu de pé. O amor não completa; o amor soma, acrescenta para que nossos dias sejam ainda mais felizes.

Elenice Bastos.