LICENÇA POÉTICA

Eu não sei se o que escrevo pode ser chamado de poema, não sigo métricas ou regras. Minha escrita é tão livre! É como o vento... Quem sabe, não seja poesia?

Classificar uma obra, pode elitizar e tirar espontaneidade daquilo que se cria. Presta-se mais atenção na forma do que no conteúdo. E a classificação torna-se mais importante do que aquilo que se queria dizer. Mais importante do que a sensação das imagens, palavras ou da sequência de notas musicais.

Eu não sou formal ou erudita. Deixo aos críticos e doutores das letras o papel de classificar o que irão ler. Não me considero poetisa. Sou uma pessoa do povo com sensibilidade a flor da pele. Uma cidadã do Novo Mundo... Trago em mim a ingenuidade silvestre dos indígenas, as mãos calejadas dos escravos e a chibata dos colonizadores. A minha maior pretensão é traduzir nas minhas parcas palavras, aquilo que sinto.

Viver é um ato poético. E são nas coisas mais simples de tudo que vivemos, que reside a mais bela poesia... caminhar por uma estrada de terra ou descalço na areia, é poesia. Tomar café olhando a paisagem... É poesia. Os primeiros instantes do primeiro encontro... É poesia. Um sorriso, um olhar, uma lágrima e até mesmo o momento derradeiro quando cerramos nossos olhos pela última vez para essa vida... Tudo, tudo isso é poesia!