ASSIM REGRIDE A HUMANIDADE

ASSIM REGRIDE A HUMANIDADE

[E a lição de Euclydes da Cunha]

Nelson Marzullo Tangerini

No dia 16 de setembro [de 2017], o CV, Comando Vermelho, invade o Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, subúrbio do Rio, toma comunidade do ADA, Amigos dos Amigos, e derruba [gíria do “movimento” para matar] oito integrantes da facção rival. O tiroteio foi tão intenso, que uma bala acertou o vidro da janela de uma composição do Metrô. Como se tudo isto não bastasse, fuzilaram também os cães que viam pelo caminho, numa demonstração de força, ódio, barbárie, intolerância e arrogância.

Como se sabe, o “dono” do morro, como qualquer sheik árabe, tem o seu harém, com sua coleção de mulheres. Ele é o todo poderoso chefão da cidadela; ele vende produtos roubados – mais baratos para a comunidade. Menores trabalham para ele: vendem drogas, enquanto outros soltam pipa para alertar seus comparsas da chegada da polícia. Ele também comanda o Tribunal do Tráfico, que decide como o seu desafeto, jornalista, policial, traidor ou rival deverá morrer. Desta maneira morreu Tim Lopes, jornalista da Rede Globo de Televisão, brutalmente assassinado na Favela da Grota, no Complexo do Alemão, quando tentava fazer a 2ª. reportagem sobre o feirão da droga e a prostituição nos bailes funk.

Enquanto lutamos contra a pena de morte e criticamos a violência policial, uma ditadura militar do tráfico fortemente armada decide quem vai morrer e impõe sua lei [leia-se autoridade], naquela cidade estado medieval dentro de outro estado – falido.

Assim regride a humanidade, refém de facínoras, que expõem a maldade através de armas importadas e moderníssimas. Quem os armou?

Que atitude devemos tomar? Devemos reconhecer que o capitalismo também é um crime organizado? Que estes monstros carregados de armas até os dentes são excluídos nesta sociedade desigual e injusta?

O uso da força nada resolverá. Em Os Sertões, Euclydes da Cunha demonstrou a sua indignação contra o aniquilamento de Canudos e o fato de o republicano de ter enviado soldados para lá, quando deveria ter enviado professores para o refiro arraial. Faço minhas as palavras de Euclydes. O caminho ainda é a inclusão, a justiça social e o investimento na Educação. s, perguntando por que soldados haviam sido enviados para lá; se não teria sido melhor o governo

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 25/09/2017
Reeditado em 17/10/2017
Código do texto: T6124277
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