Caminho do Espirito Santo. Imagem Trovador das Alterosas

ZÉ CABRITO 05 FINAL

     Lá foi o Zé para o hospital que ficava ao lado da clinica, marcou o exame para dois dias depois. Ficou injuriado com aquela coisa toda e dona Genoveva escutou suas queixas com bom humor e levando tudo na gozação, para desespero do marido auto coçante. No dia marcado lá estava o Zé, nove horas para fazer o tal exame e ele em jejum, parecia um leão enjaulado, Entrou numa sala onde uma operadora técnica no assunto já esperava, deu-lhe um remédio para anestesiar a garganta e mandou-o engolir um bola do tamanho de uma bola de tênis amarrada na ponta de um fio, “era dos primeiros aparelhos deste tipo chegado ao Brasil”.

      Zé olhou aquela coisa e disse: dona como que vou engolir esta bola deste tamanho? Ela respondeu não se preocupe, e fácil: abra a boca, assim que ele abriu ela disse abra mais, ele escancarou a bocarra e ela colocou a bola dentro e com as pontas dos dedos empurrou a coisa para dentro do Zé, ele engoliu, mas doeu o peito. Depois de alguns segundos a mulher puxou o fio tentando trazer a bolinha de volta, não saiu, agarrou nos gorgomilo do Zé, ela deixou a bolinha descer de novo e aí puxou de uma vez e puxou com força, Zé sentiu sua garganta rasgando-se, mas a bolinha saiu, ela indicou-lhe uma pia no canto da sala e ele foi lavar a boca, nestas alturas cheia de sangue da garganta, ela deu-lhe um remédio e disse que era para coagular perguntando em seguida,: o senhor fuma muito? Ele respondeu dois maços por dia, teve de ouvir: é por isto, cigarro fecha a garganta.

     Zé saiu dali com o resultado do exame e foi ver o doutor fulano que desta vez não estava com catinga de fudelança. Ele examinou e disse: o senhor tem um inicio muito pequeno de gastrite, coisa decorrente, possivelmente de cigarro, parece mais sujeira do que ferida, mas como o senhor terá de tomar estes remédios para micose que são agressivos, vou lhe receitar uma caixa de remédios para tratar uma futura gastrite, “Trinta comprimidos”.

     Zé tomou os comprimidos e se antes não sofria nenhuma dor de estomago, depois dos comprimidos, passou a senti-las, e até hoje, de vez em quando tem de tomar remédios para aliviar o sofrimento. Terminado os comprimidos voltou ao consultório da doutora para que ela lhe receitasse o remédio, ela tinha viajado de férias e só voltaria dentro de um mês, Zé não marcou consulta, saiu meio desolado do local e como o estomago estava doendo entrou numa farmácia para tentar comprar algum remédio que mitigasse a dor, a farmácia estava vazia e só tinha um senhor idoso, Zé pediu o remédio e começou a conversar com o dono do local.

      Zé explicou-lhe o problema do estomago e como o senhor se mostrou interessado, Zé acabou lhe contando a história toda, ao fim o senhor disse: se eu sei do seu problema, não deixava o senhor cair na mão destes médicos de agora, isto é uma máfia que fica mandando um paciente para outro e acabam matando o doente a prestação, a não ser que tenha sorte e encontre um médico de verdade. Retirou da prateleira um tubo de pomada, e disse, vou-lhe vender esta pomada, não é cara, mas não quero que me pague agora, o senhor vai passar esta pomada no corpo todo e depois de lavar bem as mãos, o senhor vai colocar dentro das unhas, faça isto até o tubo ficar vazio e aí no dia que o senhor voltar para marcar a consulta com a doutora, se não tiver sarado o senhor não precisa me pagar e se sarar, o senhor volte aqui e me pague.

     O Zé fez e uma semana depois não tinha mais micose, usou o tubo todo pagou ao farmacêutico e sempre que alguém o manda ir ao médico ele diz: só se for médico usado, novo quero mais não.

Fuiiiiiii. 
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 24/09/2017
Código do texto: T6123729
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