Antônio Roldão
Há pessoas que passam pela vida da gente e nem precisa conviver muito tempo com elas, mas deixam lembranças para sempre. Na minha adolescência eu conheci um senhor já de mais de setenta anos. O nome dele era Antônio Roldão. Contaram-me a vida dele e eu vou repassar do jeito que me contaram. Uma tia do meu pai, não tinha filho. Rica para aquela época. Fazendeira, dona de varias propriedades, grande áreas de terras, carnaubais e muito gado. Resolveu adotar o Roldão. Enquanto ela era viva, tudo bem ela resolvia tudo e tudo ia muito bem. Quando ela faleceu! O nosso amigo Roldão começou a beber, sem parar. Na fazenda São Benedito virou uma feira, sanfoneiro tocando direto, ambulantes vendendo e trocando mercadorias. O Roldão contratou logo uma pessoa, comprou dois burros bons de carga dois jogos de ancoretas e mandava buscar cachaça maranhasse que ainda hoje existe e é uma excelente pinga direto no Maranhão. Isso a mais de 100 km da fazenda São Benedito. Diziam que quando o rapaz chegava com uma carrada às outras ancoretas já estavam secas e ele só fazia voltar para ir buscar mais. E o Roldão matando o gado para comer e vendendo para comprar cachaça. Até que um dia acabou. Ai ele vendeu o carnaubal, as terras e tudo que tinha até ficar sem nada. Um tio meu que era muito amigo dele e compadre. Foi quem comprou o carnaubal e as terras dele. E como ele não tinha mais nada, o meu tio o ajudava dando burros para ele andar montado, arranjavam serviços para ele fazer nas propriedades dele, o mandava pegar um boi dos dele para ele comer como adiantamento do serviço. E ele ia vivendo. Quando eu o conheci ele morava perto da fazenda do meu pai em uma terra de outro tio meu que deu para ele morar. Casinha de palha muito humilde, só tinha uma banca de pote e uns bancos para centrar e as redes dele de da mulher. Mas quando eu chegava lá eu gostava de mais, ele era muito divertido, brincalhão e lá eu me sentia muito bem. Na hora que eu chegava de férias na fazenda do meu pai eu ia a casa dele para avisar que tinha pinga lá em casa. Ele já voltava comigo. Ele estava já fraco não aguentava beber muito não. Umas três doses já estava bêbado. Ai agente escondia a sela do burro dele para ele não ir embora. E ele xingava, quem foi o fio de uma égua que escondeu a minha sela. Depois quando ele ficava bom à gente entregava. Ele quando estava bêbado costumava dizer. Roldão é Peia. Precisa ser uma morte muito marcho para matar Roldão. Se for uma mortinha veia feme, não mata não. Ele tinha um filho que não era muito bom da cabeça e me contaram que um dia os dois bebendo juntos, o filho virou para ele e disse. O senhor é besta meu pai, eu tenho é filho mais velho do que o senhor. E ele respondeu. Tu és maluco filho de uma égua, quem já viu um filho ter filho mais velho que o pai. E por ai vai! Se alguém que conhece a vida dele toda escrever um livro contanto as presepadas dele. Vai ser um sucesso! Esteja onde você estiver Roldão o seu amigo ainda lembra-se de você.