O Teatro Infantil e Suas Marcas
 

É inevitável falar de escola. É lá que tudo começa depois do que aprendemos no seio familiar e que  marca o imaginário de uma criança. As marcas escolares estão além do corriqueiro: conteúdos disciplinares, avaliações, deveres escolares, exercícios...
 
A escola deixa marcas através daquilo que, às vezes, se dá pouco valor ou atenção: a “narração ou contação de histórias” e representações lúdicas que trabalham o imaginário. E é isto que levamos  como referência para nossa idade adulta.
 
Lá dos bancos escolares se tem lembrança da primeira peça teatral que  assistiu: “A Bruxinha Que Era Boa”.  Como a professora levou sua turma caiu no esquecimento, mas recorda-se nitidamente do ambiente mágico teatral. Os atores fantasiados de bruxos e bruxas, o negrume de suas roupas, o impacto causado por aquela luz roxa no palco.  Impressões trazidas para a fase adulta e que marcaram a mente infantil.
 
Da mesma autora, Maria Clara Machado, “Pluft, O Fantasminha” foi exibido  na televisão em 1975 no início da noite. Mesmo  sendo adolescente a proposta mágica da peça, agora televisiva, tinha seu encantamento despertando o interesse pelo veículo chamado teatro.
 
Morando no interior de Minas Gerais poucas eram as fontes para se conhecer o teatro como meio cultural. Sabia-se através dos livros didáticos do  teatro grego ou depois quando no Colégio Público aquele professor de Literatura apresentava a cada ano  uma peça teatral. No mais, mais nada!
 
Na igreja chegou a participar de algumas peças bíblicas o que foi de grande valia para perder sua excessiva timidez. Esta experiência valeria também para o início da atividade em sala de aula  como professor. Mas não valeu para vencer a barreira emotiva do tímido e o preconceito de uma época (a ditadura militar) para se engajar naquele grupo de teatro que se formou na esquina da praça do bairro e que ficaria conhecido, se não internacionalmente, no país inteiro.
 
Os próprios pais taxavam de “maconheiros” aqueles jovens que ali se reuniam para discutirem propostas e estudarem peças teatrais. E por isto nem se cogitava em apresentar à família o interesse de estar entre os “barbudos e hippies” daquela casa mal vista. Seu caminho mesmo seria a escola tradicional como professor.
 
E foi assim que já aposentado procurou saber se na cidade havia algum curso de teatro. Ficou feliz em saber que agora há diversos grupos e há um curso de teatro para adulto. Matriculou-se e está vivendo ótimas experiências. Recomenda-se, para no mínimo, como terapia. E no início do curso pôde assistir novamente à peça do fantasminha que se assusta com pessoas vivas. Foram dadas  boas gargalhadas e reviveu aquelas primeiras experiências de contato com o teatro.
 
Fazer teatro abre a mente. Assistir peças teatrais é entrar em contato com ideias e ideais de estética. Fazer curso de teatro é se preparar para a vida, se for  jovem.  Se for adulto é desfazer de recalques que a sociedade reprimida e repressiva impôs.
 
A escola deveria contemplar desde os primeiros anos da criança o teatro infantil em suas propostas curriculares.
 
Teatro é muito mais que simples entretenimento. É, através do lúdico, propor ideias e contribuir para  comportamentos mais felizes do adulto na sociedade.
 


O Teatro é meio de preparar para a cidadania.


 
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 06/07/2017

   
 
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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 23/09/2017
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