No caminho do tempo
A caminho de casa eis que estava a veranear pelo campo, ao passar defronte a uma antiga e rústica casa, vejo um senhor de seus oitenta e nove anos cochilando Inócuo em sua inércia.
Aquele ancião repousava no sedentário braço do tempo, a fadiga extinta de sua longínqua mocidade. – Seu ressonado emitia um som desigual, parecia folha seca ao vento – Suspiro ocioso desgastado em sua idoneidade.
O seu corpo cansado não parecia, mas suportar o peso dos anos vividos. A sua pele envelhecida pela degradação dos anos, talvez guardasse nos refolhos das rugas os dias de glória.
Homem nascido e vivido no campo, cacto de roça, vaqueiro e lavrador até a medula. Nos áureos tempos de sua jovialidade percorria montado em seu alazão o Mocambo onde de escondia o gado no sertão. Ordenhava as suas vacas, com mãos hábeis admirando os dois jatos lácteos cruzarem o ar e se perder na espuma alva da medida.
Esse mesmo idoso que agora cochila ócio em seu alpendre cultivou com braços vigorosos, o chão de alguns vários alqueires para o plantio da lavoura do milho, feijão e algodão, o dito “ouro branco”.
Não poderia supor que um dia se dobraria nos galhos do tempo – antes do exéquias – envergaria sua vértebra direcionando ao chão, o nariz afilado que sempre esteve ereto e apontado para as estrelas, a contemplar o sol.