O fogo do desejo
Recentemente vi uma entrevista do Cortella* a respeito da ética, achei profundo e o seu conteúdo me fez refletir sobre o Desejo. A principal das potências da alma, que inclina ou move a querer, a fazer ou não alguma coisa, chama-se vontade. Quando ela é forte passa a ser paixão, como um incêndio na floresta, basta uma fagulha para que o fogo se inflame e com o vento se espalhe a consumi-la vorazmente. Como separar o desejo da alma? Impossível, pois o que seria da pessoa se não houvesse algo a movê-la? A razão é reguladora da paixão através do Senso ou Juízo, capacidade que raciocina e julga o desejo. Muitas são as fagulhas que estão espalhadas ao redor da floresta, o perigo do incêndio é iminente. As propagandas consumistas extrapolam e tentam empurrar, desde um condimento até o sexo, tudo em nome do velho prazer. “faça tudo, use tudo, pratique tudo em nome da felicidade”. O prazer se sustenta pela repetição daí o vício. Quando então a razão se vê dominada, se perde: os valores se invertem se corrompem e alegria fica substituída pela ânsia. Não podemos afastar de nós o desejo, porém o coração não pode ser escravizado por ele. Isto é liberdade!
*Mario Sergio Cortella (filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro)