Usuário contumaz (e por necessidade)
“Fui, por muito tempo, usuário contumaz (e por necessidade) do táxi-lotação”, eis uma das afirmações que fiz ao falar da tribuna da Câmara Municipal de Marabá, como último orador da audiência pública realizada hoje, 13 de setembro de 2017, para discutir o transporte de passageiros em geral no Município de Marabá e região.
Empreguei, propositadamente, a palavra “contumaz” como sinônimo de “acostumado” (ou, como podem querer dizer alguns, “costumeiro”), embora esse emprego não seja lá tão comum. Claro, a palavra “contumaz” é bem mais conhecida nas várias outras das suas acepções. Basta conferir nos bons dicionários.
Pois bem. Terminada a audiência, já em casa, lembrei-me do que dissera e logo sorri comigo mesmo por imaginar que talvez alguém entre os presentes tenha pensado que, por um lapso, falei erradamente. Não, não foi erro (presumo que algum dos presentes me leia esta crônica). Como eu disse, empreguei de propósito o “contumaz”, sabendo que o fazia corretamente.
Faço o registro de que no linguajar jurídico, contumaz é o autor ou titular da ação que não comparece aos atos do processo. Não foi, entretanto, a esse tipo de contumaz que me referi. Processual e juridicamente falando, não quero jamais ser contumaz nem revel. Isso, porém, é outra história.
Gosto de empregar certas palavras que algumas ou até mesmo muitas pessoas pensam que não existem ou, ainda, que seu emprego desta ou daquela forma é incorreto. Eis a razão por que, por exemplo, emprego, não muito raramente, “desconcordo” por “não concordo” e “justificação” por “justificativa”. Faço-o por picardia, por deveras gostar de brincar com certos usos da língua.
Não desconheço, todavia, que, como bem dizia o meu saudoso mestre Napoleão Mendes de Almeida, existem “os que aos fatos do idioma preferem os eflúvios da própria cachola”. Azar destes! Não é o caso do público de hoje na audiência, claro.