Fim de mês em Atacadão.
Juro, não é invenção de escritora!
A fim de economizar no geral, fui à um Mercado de Atacado por sugestão de alguém que já conhecia o lugar. Nem me dei conta de que era fim de mês, 31, porque não costumo fazer compras mensais. A ficha-realidade caiu assim que entrei e constatei com meu olhar desanimado: Nossa, não é hoje que saio daqui! Um mundão de gente de todas as camadas sócio-econômica, empurrando seus super-carrinhos repletos de itens de A a Z. Meu ajudante disse: Vixe, nunca vi isso aqui tão cheio, a senhora deu azar!
Bem, já que estou aqui o jeito é continuar. Animei-me quando vi que havia muitos caixas por toda a extensão da loja. Um esbarrão daqui outro dali, e lá estávamos nós em ação pelos corredores das prateleiras, procurando as marcas que costumo comprar. Cadê, cadê? Não tem, não tem. Vai essa mesmo. É sempre bom experimentar coisas novas, disse conformada. - Moço, onde é que fica o setor de limpeza? - Pergunte àquela menina alí, ó! - Obrigada. Olhei a lista feita por minha funcionária do lar. Será que ela botou tudo mesmo? Não botou, está faltando alguns itens de geladeira. Voltei aos gelados. Enchi, chega, vamos para o caixa enfrentar o pior. - Este aqui, só tem duas pessoas e uma delas já vai ser despachada, acho que não vai demorar - disse animada. Ledo engano. O caixa com o cliente em despacho empacou. Por quê? Foi que houve? Perguntei. É que tem que optar ou por sacos plásticos pago, ou caixas de papelão gratuitas. Sim e daí? É que não pode botar o que está embalado no saco dentro da caixa vazia. A caixa vazia fica, ou tira do saco e põe tudo na caixa. Mas são só 3 caixas, disse o empacado senhor. Mesmo assim, disse a funcionária: ordem é ordem. O cliente tirou tudo dos 3 sacos e botou nas três caixas, e o resto embalou só em sacos. Olhei o relógio, 10 minutos já tinham se passado e o cara ainda estava no caixa. O da minha frente tinha uma montanha aguardando a sua vez. Empacou de novo? O que foi agora? É que com esse valor o senhor tem que me fornecer o seu CPF. Não tenho CPF. Sou "catador de lixo", quanto deu? Mais de 600 reais - falou a moça. Alguém dessas três que está com o senhor tem CPF? Não, vou pagar em dinheiro. Mas a ordem é pedir o CPF. - Serve o meu? Perguntou o cliente gordinho da minha frente. Pode ser, falou a moça. - aqui meu CPF. Pronto senhor? Não, ele já ia saindo mas retornou e disse: minha irmã quer botar crédito no celular . Pronto? Não, a outra também quer. Qual é o número mesmo? Pronto? Graças! - disse o gordinho da frente. A esta altura um rapaz já tinha me oferecido um banquinho que estava sobrando na fila ao lado, e eu sentei. Mas, como é que alguém não tem CPF? - meu ajudante perguntou. - Senhor, ele estava criando caso de propósito, não tá vendo que ele não é catador de lixo? é policial. Como você sabe, menina? Vi quando ele abriu a carteira para tirar o dinheiro e fiquei na minha, tava lá carteira de militar - disse a moça do caixa . Nem vou dizer o que ela falou de policiais.
Bem, chegou a vez do gordinho na minha frente despachar seu super carro cheio de alimentos proibidos para quem é obeso. Da linguiça à cerveja, passando pelos refrigerantes, doces, biscoitos e queijo amarelo. Sem falar nas massas, carne de feijoada e etc. Muito simpático com seu correntão prata e camiseta regata, dizia: comigo vai ser rápido! Sua conta também deu seiscentos e tanto, e apresentou o CPF. Na hora de pagar notou que o cartão de crédito tinha ficado no carro. Ai Jesus! As duas senhoras que estavam com ele suspiraram, e ficaram aguardando ir pegar o cartão. E eu também. Levou mais de seis minutos até voltar, (que para mim foi uma eternidade). - Um momento que preciso ver o número da senha , pegou o celular no bolso e digitou. As duas irmãs também quiseram por créditos no celular. Tá errado rapaz, peraí, deixe que eu boto - disse uma delas. Pronto já botei.
Que alívio! Respirei fundo. Na próxima vou consultar antes o calendário. Fim de mês e atacadão nunca mais.