VASCULHANDO A MEMÓRIA.
É no silêncio de manhãs calmas como a deste momento, que geralmente recorro ao baú das memórias, vasculhando entre tantas coisas escondidas, algum pensamento esquecido, resquícios da infância, alguma pérola preciosa a lhes contar. Mas eu confesso certa dificuldade neste intento, de encontrar o que exatamente eu vou retratar nesta folha em branco.
Se eu fosse fazer um comparativo com minha memória, ela seria bem semelhante a caixa de brinquedos da minha filha de seis anos. A minha filha tem uma caixa onde guarda todos os brinquedos, novos e velhos, tem de tudo nesta caixa enorme de brinquedos, as vezes ela quer justamente aquele que se encontra por baixo de tudo, e para encontrar, faz aquela bagunça. Pois bem, é exatamente assim que estou neste momento, a minha memória assemelha-se a essa caixa de brinquedos, e como tal, as lembranças mais antigas está misturada as lembranças recentes, de forma que, fica difícil organizar um único pensamento, sem vislumbrar o outro, parece coisa de maluco, e na verdade acho mesmo que é. A nossa cabeça é mesmo assim, quando digo nossa, refiro-me a nós homens, que por natureza não somos nada organizados, gostamos de guardar tudo no mesmo local, eu disse guardamos… Perdoe-me o equívoco, melhor dizer… Jogamos tudo no mesmo local, muito diferente das mulheres, que por natureza são organizadas, mas isso é pauta para outro assunto.
Voltando ao pensamento anterior, a maioria das minhas boas memórias, estão escondidas por baixo de um entulho enorme de desagradáveis recordações que ocorreram nos últimos anos. Para acessar as boas lembranças, eu tenho que mexer e remexer as lembranças ruins, a mais recente delas, o meu desemprego, mas não quero falar nisso agora.
A fazenda da lindoya, já muito recorrente em minhas crônicas, abrigam a maior parcela das boas recordações, mesmo assim, depois de um bom tempo e muito esforço, quando finalmente chego ao fundo do baú, ainda estou em dúvidas sobre o que dizer. O meu desejo é contar-lhes um pouco de tudo, mas se eu fizer isso, essa crônica deixará de ser crônica, de uma coisa eu sei; e tenho isso por bom sinal, essa dificuldade de encontrar um assunto não é pela falta do mesmo, muito pelo contrário, é pelo excesso dele. Vamos combinar o seguinte; eu vou tentar resumir todos esses bons acontecimentos, para depois compartilhá-los com vocês, talvez quem sabe, na próxima crônica, já tenha novidades trazidas do baú da memória.