Confundem-se independência e dependência
As primeiras escolas me faziam estar bem fardado e cantar os hinos da pátria: Nacional, da Independência e da Bandeira. Foi assim quando se iniciou em mim a ideia do que fosse o “sete de setembro” da independência do Brasil; mas também não esqueço a algazarra quando éramos liberados das aulas para a instrução do Cabo Totô do Tiro de Guerra, amante da farda, da corneta e dos seus toques, complementados pelo seu grito: “Atenção! Sentido!”, pondo ordem na meninada. Sabia como ninguém organizar desfile para ganhar, do jurado das autoridades: Juiz, Vigário, Sargento que comandava o Tiro de Guerra e Delegado, o primeiro lugar no Dia da Independência, premio entregue pelo Prefeito da cidade. Nos ensaios, as alunas mais altas se empinavam à escolha do porta-bandeira, e as mais roliças rebolavam para ser baliza, demonstrando gingado e saltos ornamentais. O Colégio N.S. da Conceição não possuía banda, mas rapazolas da Escola de Samba de Zé Dudu emprestavam à Madre Freitas instrumentos e habilidades do último carnaval; todos na tropa do Cabo Totô, obedecendo sua regência e seu comando. Tais ensaios aumentavam a expectativa do Sete de Setembro que trazia à Itabaiana matutos e visitantes das pequenas cidades. Contudo, pouco se aprendia sobre a festejada independência...
Aos onze anos de idade, já no internato, na Capital, comecei a escutar que nossa “independência” teria sido conquistada sem luta, sem esforço; fora histórias jocosas, contava-se que “bastou parar os cavalos às margens do Ipiranga e jogar fora uns laços com cores de Portugal”. Também se refletia que nem sempre o esforço empreende o bem, há quem, nas caladas da noite, sob perigos, arrombe um cofre com maçarico, ou quem, sem qualquer esforço, em pleno dia, furte o dinheiro público e o esconda em malas, à vista da TV, sem constranger eleitores, prontos para o reelegerem à continuação dessa censurável proeza. Em Portugal também “setembrinos” comemoram a revolução de setembro de 1836 contra a então “Carta Constitucional”...
Avisam que já somos independentes de Portugal. E aqui e agora? Necessitamos de independência para escolher melhores homens públicos, sérios governantes e um Brasil bom de viver, com povo independente dos que querem comprar voto; dos enganadores e maus políticos, dos cabos eleitorais negociantes, traficantes e vendedores do voto em lote; também liberto da troca do bem coletivo por apenas efêmeros e insignificantes favores pessoais. Quando, livres desses laços, às margens dos negócios, o voto independente será o grito dessa desejável independência.
As primeiras escolas me faziam estar bem fardado e cantar os hinos da pátria: Nacional, da Independência e da Bandeira. Foi assim quando se iniciou em mim a ideia do que fosse o “sete de setembro” da independência do Brasil; mas também não esqueço a algazarra quando éramos liberados das aulas para a instrução do Cabo Totô do Tiro de Guerra, amante da farda, da corneta e dos seus toques, complementados pelo seu grito: “Atenção! Sentido!”, pondo ordem na meninada. Sabia como ninguém organizar desfile para ganhar, do jurado das autoridades: Juiz, Vigário, Sargento que comandava o Tiro de Guerra e Delegado, o primeiro lugar no Dia da Independência, premio entregue pelo Prefeito da cidade. Nos ensaios, as alunas mais altas se empinavam à escolha do porta-bandeira, e as mais roliças rebolavam para ser baliza, demonstrando gingado e saltos ornamentais. O Colégio N.S. da Conceição não possuía banda, mas rapazolas da Escola de Samba de Zé Dudu emprestavam à Madre Freitas instrumentos e habilidades do último carnaval; todos na tropa do Cabo Totô, obedecendo sua regência e seu comando. Tais ensaios aumentavam a expectativa do Sete de Setembro que trazia à Itabaiana matutos e visitantes das pequenas cidades. Contudo, pouco se aprendia sobre a festejada independência...
Aos onze anos de idade, já no internato, na Capital, comecei a escutar que nossa “independência” teria sido conquistada sem luta, sem esforço; fora histórias jocosas, contava-se que “bastou parar os cavalos às margens do Ipiranga e jogar fora uns laços com cores de Portugal”. Também se refletia que nem sempre o esforço empreende o bem, há quem, nas caladas da noite, sob perigos, arrombe um cofre com maçarico, ou quem, sem qualquer esforço, em pleno dia, furte o dinheiro público e o esconda em malas, à vista da TV, sem constranger eleitores, prontos para o reelegerem à continuação dessa censurável proeza. Em Portugal também “setembrinos” comemoram a revolução de setembro de 1836 contra a então “Carta Constitucional”...
Avisam que já somos independentes de Portugal. E aqui e agora? Necessitamos de independência para escolher melhores homens públicos, sérios governantes e um Brasil bom de viver, com povo independente dos que querem comprar voto; dos enganadores e maus políticos, dos cabos eleitorais negociantes, traficantes e vendedores do voto em lote; também liberto da troca do bem coletivo por apenas efêmeros e insignificantes favores pessoais. Quando, livres desses laços, às margens dos negócios, o voto independente será o grito dessa desejável independência.