As delícias de ser mãe II

E ela nasceu.

Veio com todo o rompante de 3 dias de intensas contrações, gritando "Mamãe, Eu quero sair daqui!!! ". E eu, como mãe ciumenta, não quis "abrir-me" para ela sair.

Resultado? Cesariana.

Oh, God! Passar por uma cirurgia. Ouvir as gracinhas do anestesista e do obstetra. "Ano que vem a gente se vê de novo! ". "Mulher frouxa! " Sua mãe, filho da .....

E aí vem a volta pra casa. O cuidado com os pontos. Toda aquela dificuldade de movimentação. "Em 7 dias você tira os pontos" o doutor disse. Depois de 7 dias, eu ouço "Você é gorda! Vai demorar uns 20 dias pra fechar isso aí. Pode voltar pra casa! ". Eu voltei.

E 2 dias depois voltei à clínica, com outra enfermeira.

Resultado? Os pontos cicatrizaram por cima da linha (ou seja lá o que usam pra nós fechar). Precisaram cortar um pedaço da minha carne pra achar a linha (gorda é a sua mãe fdp).

E os bicos racharam. E Iuna mordia. E apertava. E sugava. E lágrimas rolavam no meu rosto. De dor.

"Não deixe ela no colo ou não vai poder fazer nada! "

"Não dê leite que não seja de tal marca se não ela adoece! ( Se ao menos se oferecesse pra custear... 70, 00 a lata).

"Não segure assim... "

"Não dê banho desse jeito"

E cada um tem um palpite... Mas, espera aí.

Quem é a mãe afinal? Eu.

Ainda bem que ela cresceu. (Risos).

Cresceu forte, linda, esperta.

Andou com oito meses. Sua primeira palavra não foi papai nem mamãe, foi "dato" (gato). Começou a rabiscar aos 6 meses, pegando com toda a pompa nas minhas canetas. Semana passada, ela escreveu 3 letras do seu nome (I, N, A).

E eu e o pai? Só orgulho! (Imaginem o tamanho do meu sorriso agora. )

E os palpites? Continuam vindo. Enchendo meus ouvidos e o meu saco.

Mas sabe o que eu descobri? Não existe uma forma pra ser mãe e pai. Cada um descobre a forma certa de ser. O que mais lhe cabe. O que se adapta.

Com o tempo você troca os palpites pelos sorrisos, palavras erradas, passinhos que mais correm do que andam, beijos babados e abraços sem pedir. Troca as chateações pelas noites em que o bebê quer brincar ao invés de dormir. Troca as opiniões alheias por pedaços de bolacha e frutas babados e mastigados que eles, insistentemente, querem enfiar em nossa boca. Troca esse povo chato pelo abraço apertado quando chega do trabalho.

Porque isso sim é a verdadeira delícia de ser mãe...

Milene Gomes
Enviado por Milene Gomes em 08/09/2017
Código do texto: T6107913
Classificação de conteúdo: seguro