Fortaleza
de boas lembranças
1. Semana passada, estive em Fortaleza. Fazia mais de um ano que não aparecia por lá. Meu avião pousou no Aeroporto Pinto Martins às dez da manhã, como previsto. O voo, entre Salvador e a capital alencarina, foi magnífico. Céu de brigadeiro em quase todo o percurso. Céu do nordeste...
2. Fiz o check-in num hotel da alegre Beira-mar e fui, correndo, comer, no Leão do Sul, um pastel de carne, o melhor do Brasil, com o mais doce caldo de cana que conheço.
3. Quero dizer, que frequento a Pastelaria Leão do Sul, da minha querida Praça do Ferreira, desde 1952, quando fui morar em Fortaleza, depois de cinco anos de claustros em seminários seráficos.
4. Naquele tempo, envergando a gloriosa farda do Liceu do Ceará, vivi, intensamente, os divertidos fins de tarde da Praça do Boticário. E, estando na Praça do Ferreira, ir ao Leão do Sul era uma obrigação.
5. Depois do saboroso pastel, uma paradinha na "esquina do pecado" - Guilherme Rocha com a Major Facundo - para aplaudir as pudicas colegiais fortalesenses dos anos 1950, cujas saias, eram levantadas pelo vento forte e ousado que vinha não sei de onde.
6. Resistindo às mudanças arquitetônicas impostas, improvisadas ou programadas, a Pastelaria Leão do Sul, segundo andei lendo, pouco mudou, desde sua inauguração, em 1926. O endereço ainda é: Rua Pedro Borges, 193, lado sul da Praça do Ferreira.
7. O mais importante é que seu pastel e seu caldo de cana, na medida do possível, guardam o sabor original.
8. Não posso negar, que, em Fortaleza, o Leão do Sul me traz boas lembranças. Nessa tradicional pastelaria curti momentos fantásticos na companhia de colegas do Liceu e das namoradas que, com a doçura cearense, faziam este cronista feliz, não, felicíssimo...
9. Muito bem. Nesta curta visita a Fortaleza, percorri, a pé, parte do centro da cidade. Andei da Praça dos Leões, até a Praça José de Alencar.
10. Como acontece com o centrão das grandes capitais, também o de Fortaleza está muito mal cuidado; salva-se o Cine-Teatro São Luiz. Ainda assim, esse pedaço velho da minha cidade me traz saudades imensas da Fortaleza dos anos 1950-60.
11. Na Praça dos Leões, fiz uma visita à estátua de Rachel de Queiroz. Pude constatar, que a estátua da querida escritora cearense não está num bom lugar. E não justifica a pouca distância que a separa da Academia Cearense de Letras, instalada no Palácio da Luz.
12. Para este irrequieto cronista, a homenagem à autora de O Quinze seria irretocável se sua estátua estivesse, digamos, na Praça do Ferreira. Ganharia maior visibilidade e não correria o risco de ser desrespeitada pelos grafiteiros ou danificada pelos predadores.
13. A estátua do Dragão do Mar, por exemplo, erguida no espaço cultural que tem o seu nome, está em local rigorosamente adequado. Na Praça dos Leões, Rachel está escondida. E ela não merece.
14. Aqui em Salvador, só para dar dois bons exempos, a estátua do Vinicius de Moraes está na bela praia de Itapuã, onde ele morou com a baiana Gesse Gessy e compôs belas canções. Jorge Amado e Zélia Gattai estão, à vista, numa pracinha do bairro do Rio Vermelho, um bairro boêmio de Salvador, onde eles moraram.
15. No Rio de Janeiro, Carlos Drummond de Andrade está na praia de Copacabana, no Posto 6. Facilmente é visto e visitado. Fãs ou não do poeta, todos querem levar, como lembrança, uma foto ao lado da estátua do vate de Itabira, que amou o Rio.
16. Fica o meu apelo: tirem a estátua de Rachel de Queiroz da Praça dos Leões. Ali, ela, redigo, está escondida; ou esquecida? Coloquem Rachel em um lugar onde a autora de lindas crônicas sobre Fortaleza, sua cidade natal, possa se encontrar com o seus conterrâneos.
17. Visitei outros locais que me devolveram a Fortaleza dos meus amores, os primeiros, após o seminário.
Amores que se não foram "imortais", foram "infinitos", enquanto duraram, fazendo meus os versos de Vinicius, no Soneto de Fidelidade, feitos pelo Poetinha para Beatriz Azevedo de Melo, a Tati, das nove, sua primeira musa.
As minhas sabem muito bem disso...
de boas lembranças
1. Semana passada, estive em Fortaleza. Fazia mais de um ano que não aparecia por lá. Meu avião pousou no Aeroporto Pinto Martins às dez da manhã, como previsto. O voo, entre Salvador e a capital alencarina, foi magnífico. Céu de brigadeiro em quase todo o percurso. Céu do nordeste...
2. Fiz o check-in num hotel da alegre Beira-mar e fui, correndo, comer, no Leão do Sul, um pastel de carne, o melhor do Brasil, com o mais doce caldo de cana que conheço.
3. Quero dizer, que frequento a Pastelaria Leão do Sul, da minha querida Praça do Ferreira, desde 1952, quando fui morar em Fortaleza, depois de cinco anos de claustros em seminários seráficos.
4. Naquele tempo, envergando a gloriosa farda do Liceu do Ceará, vivi, intensamente, os divertidos fins de tarde da Praça do Boticário. E, estando na Praça do Ferreira, ir ao Leão do Sul era uma obrigação.
5. Depois do saboroso pastel, uma paradinha na "esquina do pecado" - Guilherme Rocha com a Major Facundo - para aplaudir as pudicas colegiais fortalesenses dos anos 1950, cujas saias, eram levantadas pelo vento forte e ousado que vinha não sei de onde.
6. Resistindo às mudanças arquitetônicas impostas, improvisadas ou programadas, a Pastelaria Leão do Sul, segundo andei lendo, pouco mudou, desde sua inauguração, em 1926. O endereço ainda é: Rua Pedro Borges, 193, lado sul da Praça do Ferreira.
7. O mais importante é que seu pastel e seu caldo de cana, na medida do possível, guardam o sabor original.
8. Não posso negar, que, em Fortaleza, o Leão do Sul me traz boas lembranças. Nessa tradicional pastelaria curti momentos fantásticos na companhia de colegas do Liceu e das namoradas que, com a doçura cearense, faziam este cronista feliz, não, felicíssimo...
9. Muito bem. Nesta curta visita a Fortaleza, percorri, a pé, parte do centro da cidade. Andei da Praça dos Leões, até a Praça José de Alencar.
10. Como acontece com o centrão das grandes capitais, também o de Fortaleza está muito mal cuidado; salva-se o Cine-Teatro São Luiz. Ainda assim, esse pedaço velho da minha cidade me traz saudades imensas da Fortaleza dos anos 1950-60.
11. Na Praça dos Leões, fiz uma visita à estátua de Rachel de Queiroz. Pude constatar, que a estátua da querida escritora cearense não está num bom lugar. E não justifica a pouca distância que a separa da Academia Cearense de Letras, instalada no Palácio da Luz.
12. Para este irrequieto cronista, a homenagem à autora de O Quinze seria irretocável se sua estátua estivesse, digamos, na Praça do Ferreira. Ganharia maior visibilidade e não correria o risco de ser desrespeitada pelos grafiteiros ou danificada pelos predadores.
13. A estátua do Dragão do Mar, por exemplo, erguida no espaço cultural que tem o seu nome, está em local rigorosamente adequado. Na Praça dos Leões, Rachel está escondida. E ela não merece.
14. Aqui em Salvador, só para dar dois bons exempos, a estátua do Vinicius de Moraes está na bela praia de Itapuã, onde ele morou com a baiana Gesse Gessy e compôs belas canções. Jorge Amado e Zélia Gattai estão, à vista, numa pracinha do bairro do Rio Vermelho, um bairro boêmio de Salvador, onde eles moraram.
15. No Rio de Janeiro, Carlos Drummond de Andrade está na praia de Copacabana, no Posto 6. Facilmente é visto e visitado. Fãs ou não do poeta, todos querem levar, como lembrança, uma foto ao lado da estátua do vate de Itabira, que amou o Rio.
16. Fica o meu apelo: tirem a estátua de Rachel de Queiroz da Praça dos Leões. Ali, ela, redigo, está escondida; ou esquecida? Coloquem Rachel em um lugar onde a autora de lindas crônicas sobre Fortaleza, sua cidade natal, possa se encontrar com o seus conterrâneos.
17. Visitei outros locais que me devolveram a Fortaleza dos meus amores, os primeiros, após o seminário.
Amores que se não foram "imortais", foram "infinitos", enquanto duraram, fazendo meus os versos de Vinicius, no Soneto de Fidelidade, feitos pelo Poetinha para Beatriz Azevedo de Melo, a Tati, das nove, sua primeira musa.
As minhas sabem muito bem disso...