Em preto e branco
Em preto e branco
No curso de gestor de ILPI´s (Instituições de Longa Permanência para Idosos) que fiz na capital, um dos professores mencionou o fato das casas de acolhimento a idosos serem todas pintadas em cores sem graça. Tipo bege ou cinza, como se todo velho fosse daltônico e não precisasse mais do colorido maravilhoso da vida. Na hora lembrei-me de nossa pobre instituição recém-pintada por voluntários com tintas doadas por benfeitores. Adivinhem... Paredes na cor palha e portas e ferragens cinza médio. E eu pensando que tínhamos realizado grande coisa. Quando voltei, com a cabeça cheia de ideias e o coração ansioso por melhorar a qualidade de vida daqueles a quem eu servia, convoquei logo o voluntário Sr Zeca, providenciei uma lata de tinta branca e corantes de variadas cores, pedi que pintasse todas as colunas de sustentação do avarandado do pátio sem repetir cor. Vi com surpresa o quanto coisa tão pequena mudou os ares da casa e o humor de seus residentes.
Passagens assim singelas da vida podem oferecer lições valiosas para quem sabe delas tirar o sumo. Quantas vezes pensamos estar dando o melhor às pessoas esperando que enxerguem o mundo sob nossa ótica. É preciso “por sentidos” naqueles que estão ao nosso redor. Gosto muito dessa expressão, por sentidos, que é mesmo literal. Temos cinco sentidos que nos dão a possibilidade do entendimento completo, integral do meio em que estamos inseridos. Precisamos sentir melhor o mundo e as pessoas que compõem o nosso universo pessoal ou corremos o risco de ser injustos tentando empurrar goela abaixo aos irmãos os nossos conceitos pessoais.