A Voz do Deserto
Ouviu-se o soar de uma trombeta
A terra sacudia ao galope dos cavalos
De longe vinha o mensageiro
E poeira subia dentre as ferraduras
"Pasmem todas as nações" - berrava o mensageiro
"Assombrem-se todos os moradores da terra"
"Saiam os reis de seus palácios"
"E os sábios, parem para ouvir."
"Eis que em uma terra vizinha"
"O mais baixo dos homens abriu sua boca"
"E um bramido rompeu de seus lábios"
"E todos pararam para ouvir"
"Saiam de suas moradas"
"Elevem seus ouvidos e tentem ouvir"
"Pois o mais pobre dos homens encontrou riquezas "
"E canta saltitante pelo deserto"
Por ventura não se alvoroça a terra
Quando o servo encontra riquezas?
Nem se assombram os reis
Quando estes se enriquecem?
E todo o reino se alvoroçou
E de longe vinham para o deserto
contemplar as riquezas
E chegando ao pobre homem.
decepcionaram-se
Pois diziam:
Não vejo nenhuma riqueza.
E diziam os reis:
Não é este um pobre homem?
E diziam os sábios:
Não é este um tolo qualquer?
E dizia o povo:
Não é este um de nós
E até as meretrizes zombavam e vaiavam.
Mas ninguém se importava em ouvir
E voltavam pelo mesmo caminho
Ainda os poucos que ouviam,
Voltavam mesmo assim.
O mais pobre dentre os homens perturbou-se
Mas em si mesmo se alegrava
Quando em sua alma contemplava
As moedas da arca.