A Voz do Deserto

Ouviu-se o soar de uma trombeta

A terra sacudia ao galope dos cavalos

De longe vinha o mensageiro

E poeira subia dentre as ferraduras

"Pasmem todas as nações" - berrava o mensageiro

"Assombrem-se todos os moradores da terra"

"Saiam os reis de seus palácios"

"E os sábios, parem para ouvir."

"Eis que em uma terra vizinha"

"O mais baixo dos homens abriu sua boca"

"E um bramido rompeu de seus lábios"

"E todos pararam para ouvir"

"Saiam de suas moradas"

"Elevem seus ouvidos e tentem ouvir"

"Pois o mais pobre dos homens encontrou riquezas "

"E canta saltitante pelo deserto"

Por ventura não se alvoroça a terra

Quando o servo encontra riquezas?

Nem se assombram os reis

Quando estes se enriquecem?

E todo o reino se alvoroçou

E de longe vinham para o deserto

contemplar as riquezas

E chegando ao pobre homem.

decepcionaram-se

Pois diziam:

Não vejo nenhuma riqueza.

E diziam os reis:

Não é este um pobre homem?

E diziam os sábios:

Não é este um tolo qualquer?

E dizia o povo:

Não é este um de nós

E até as meretrizes zombavam e vaiavam.

Mas ninguém se importava em ouvir

E voltavam pelo mesmo caminho

Ainda os poucos que ouviam,

Voltavam mesmo assim.

O mais pobre dentre os homens perturbou-se

Mas em si mesmo se alegrava

Quando em sua alma contemplava

As moedas da arca.

R Garcia
Enviado por R Garcia em 05/09/2017
Reeditado em 06/09/2017
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