NÃO BASTA ESTAR VIVO, É PRECISO VIVER.
Não se abate só sobre os que lamentavelmente enfrentam dificuldades materiais, o estar vivo sem viver.
Por quê?
Muitos têm sonegado pela sorte necessidades básicas, nada usufruindo dos pequenos prazeres da vida. Destes o tempo de entrega para sobreviverem não permite nenhum deleite. Cabem na compreensão basilar que estão vivos mas não vivem. É razoável esse entendimento e realizável a comiseração a que fazem jus.
Não falo destes que sorte fugidia desabrigou. O destino ainda lhes pode sorrir, resgatá-los das sombras de viver sem estarem vivos.
Falo dos distantes de problemas materiais, mas desgraçadamente imersos na mais profunda depressão. Capacidade mínima de entenderem a razão de estarem aqui é núcleo central de viverem sem estarem vivos. Nada igual e mais infeliz.
Não estamos aqui para festas, embora alguns tenham tido a sorte de alongados períodos de felicidades extremas, e muito menos transitamos do pó ao pó para sermos aplaudidos.
Celebrizados e notados pelo que pensamos ser ou queríamos ser é devaneio de quem nunca foi ou será. Pobres de compreensão e ralos de espírito grandioso. Nunca assimilaram a lógica de viver e de amar, por isso vivem, mas não estão vivos. Habitam o “não somos” de quem queria ser e não é. Não suas realidades. Estão à margem de compreensão primária.
Há um abismo que se abre sem fim. A queda só faz aumentar.
Para alguns a confissão do desamor afirmando amar é confessional-imperativa e quase infantil. Brota dos poros, sem freios nascem da contradição.
Estamos aqui para servir, e só serve quem ama. Não basta "dizer que ama".Mas deve amar de verdade, não basta dizer para satisfação pessoal que ama. O amor é espontâneo e visível. Não se cria nem se força.
É imposição para estar vivo ser prestativo com todos, especialmente os mais humildes e simples. É necessário viver essa religião do serviço e da utilidade, enfim do amor.
Não está vivo quem não ama verdadeiramente porque beleza não existe em quem “não é” “nem está vivo”, mas poderia ser, e viver. A feiura exsurge de suas almas e desenha-se em seus rostos e em suas “vidas”.
Almas de indevidos endeusamentos “de si mesmas”. Deuses virados para seus horrores. Almas vagando vivas, embora mortas. Sombras sem amor.
Casulos menores das habitações perdidas, fechadas. Edículas de todas as dependências. Portas fechadas, prisão de sol, arremedo de luz, cultivo insistente, caldeirão do feitiço que gera monstros que matam quem os criou que se acham anjos, mas estão mortos, sem luz, ausentes de amor e mesmo de compaixão.
Tudo declina aos poucos quando “NÃO BASTA ESTAR VIVO, É PRECISO VIVER.”